A antiga ministra da Justiça do PSD, Paula Teixeira da Cruz, não poupa nas palavras para atacar a proposta de revisão do Conselho Superior do Ministério Público, defendida pela atual direção do partido. A deputada considera ao SOL que «há um setor do PS, que agora utilizou o PSD, enfim, de alguma forma como cobaia» . E ataca a atual direção do partido por «depositar nas mãos do Governo, ao qual se opõe, a gestão» do processo.
Mas as críticas são mais profundas, porque Paula Teixeira da Cruz considera que a revisão da composição do Conselho Superior do Ministério Público abre a porta à politização do sistema. Mais, a ex-dirigente classifica de «absurda» a ideia de comparar o Conselho Superior do Ministério Público ao Conselho Superior de Magistratura. «A judicatura não tem hierarquia e o Ministério Público tem e tem de obedecer à hierarquia», justificou a parlamentar, destacando que a expressão usada pelo PSD para falar de sociedade civil não colhe. «Ao querer aumentar o número de membros eleitos, pela Assembleia ou pelo Governo, não estamos a falar de sociedade civil, porque vêm da hierarquia política. Além disso, já existe hoje, no Mapa Judiciário, os chamados conselhos consultivos. Isso é que é sociedade civil, não são mais membros nomeados pelo poder político», argumentou Paula Teixeira da Cruz, insistindo que «há uma fação do PSD e uma fação do PS, como sempre houve, sobretudo no PS, que não se dá bem com o sistema judiciário».
A antiga dirigente sublinhou também que o PSD não teve o resultado eleitoral das legislativas de 2015 com a atual proposta da equipa de Rui Rio. «Não fomos eleitos com um programa desses». Por fim, a parlamentar saiu em defesa do antigo líder do PSD, Marques Mendes, depois dos ataques da direção do partido pela comparação entre Rio e o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Mendes defendeu no passado domingo, na SIC, que ambos têm conceções similares sobre justiça e media, mas afastou qualquer comparação de perfil ou caráter. Ainda assim, os vice-presidentes David Justino e Salvador Malheiro acusaram Mendes de ter perdido «credibilidade».