O Presidente da República afirmou, esta segunda-feira, que se os incêndios de 2017 se tivessem repetido teria dissolvido a Assembleia da República.
"Eu não escondo que foi a única circunstância que me levou a dizer aquilo que eu disse e que, traduzido em miúdos, é que se, no ano seguinte, houvesse uma situação idêntica haveria dissolução do parlamento", disse Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à TVI.
"Entendi que a maioria esmagadora dos portugueses olhava para o poder político dizendo 'eles descolaram da realidade, eles não estão a perceber que não podem morrer impunemente mais de 100 pessoas e não haver uma mudança de vida'", sublinhou.
Para o chefe de Estado, "as leituras" do Presidente e as do Governo "não foram coincidentes no tempo sobre a realidade", na sequência dos incêndios de 2017, dos quais resultaram mais de cem vítimas mortais.
Por outro lado, apesar desta confissão, não foi desta que Marcelo Rebelo de Sousa confirmou uma eventual recandidatura às presidenciais. Aliás o Presidente fez questão de lembrar que, no que resta do mandato há até às eleições legislativas um período que deverá ser “naturalmente de protagonismo dos partidos".
"O Presidente estará, mas estará em viagens ao estrangeiro, e aparecerá de uma forma crescentemente mais discreta", acrescentou.
Só depois do período de transição que segue à formação de um novo governo, é que Marcelo decidirá se será ou não candidato, o que deverá ocorrer "em meados do ano que vem".
"Das duas, uma: ou sou candidato e, se for candidato, não vou usar a presidência para a campanha eleitoral – terei o recato de fazer aquilo que tenho de fazer na política externa – ou não sou candidato e saberei sair de uma forma discreta para deixar o palco aos candidatos", explicou.