O primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, estava em pleno discurso a propósito do 46º aniversário do seu partido quando foi interrompido por uma intervenção inusitada.
Quatro jovens aproximaram-se do palco onde estava António Costa, na antiga Feira Internacional de Lisboa (FIL), lançaram aviões de papel e mostram um cartaz onde se podia ler “Mais aviões só a brincar”.
A ação foi levada a cabo como uma forma de protesto contra a construção do novo aeroporto no Montijo.
“Lamentamos estragar a vossa festa”, disse um dos ativistas, que conseguiu ‘roubar’ o microfone do primeiro-ministro por alguns segundos, até que foi, em conjunto com os outros jovens, retirado do local pelos seguranças do evento socialista.
Num comunicado divulgado mais tarde, ficou mais do que claro o que estavam aqueles quatro jovens ali a fazer.
“Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as gerações futuras não têm nada para celebrar”, lia-se no documento que os ativistas queriam ler no microfone ‘emprestado’ do PS. “Senhor primeiro-ministro, chegou a hora de dizer a verdade sobre o custo real deste acordo. A temperatura global está a subir e os fenómenos climáticos extremos a aumentar. Caminhamos para a sexta extinção em massa. Para os nossos filhos poderem viver neste planeta, temos de reduzir drasticamente as emissões nos próximos 10 anos”, referiam ainda.
Um dos jovens que interrompeu a festa de aniversário do PS confirmou ao Observador que a ação foi feita no contexto da rebelião internacional Extinction Rebellion. “Tem havido em vários pontos do mundo ações todos os dias desde a semana passada — em defesa do planeta Terra e da nossa existência e da existência de outros no planeta”, afirmou.
Sublinhe-se que o Extinction Rebellion, referido pelo jovem como a inspiração por trás daquele protesto, é um movimento de ativismo ecológico internacional que acredita na desobediência civil pacífica como estratégia de sensibilização para o que defendem ser uma crise ambiental.
O movimento ganhou notoriedade na última semana, após as ações em Londres, como o bloqueio de ruas e estradas e a invasão do Museu de História Natural.
Até segunda-feira de manhã já tinham sido detidas mais de mil pessoas. O movimento conta com o apoio de vários nomes conhecidos mundialmente, talvez o mais óbvio seja o da atriz Emma Thompsson, que esteve presente nas ações de Londres. A escritora Margaret Atwood, autora de vários livros de sucesso como Handmaid’s Tale, o canoísta olímpico Etienne Stott, e o filósfo e linguista Noam Chomsky são algumas das pessoas que já demonstraram o seu apoio público ao movimento, nas redes sociais ou mesmo através da participação nos protestos.
A jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos, também ela defensora do Extinction Rebellion, diz que se trata de “um dos mais importantes e mais esperançosos movimentos do nosso tempo”.