O PAN (Pessoas-Animais-Natureza) pediu, ontem, esclarecimentos ao ministro da Agricultura Luís Capoulas Santos sobre o abate de um cavalo numa tourada em Coruche, que também provocou ferimentos a quatro pessoas – dois forcados e dois cavaleiros.
O PAN exigiu, à tutela responsável pelo bem-estar animal através da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, saber se estava presente na praça de touros um veterinário, “um imperativo legal”; por que motivo o cavalo “não foi imediatamente socorrido” e “se o abate animal era forçoso ou se não seria possível a sua recuperação, ainda que não pudesse vir a participar em nenhuma outra atividade tauromáquica”, pode ler-se num comunicado enviado pelo partido às redações.
O PAN também aproveitou para condenar “todos os espetáculos que promovam ou inflijam violência sobre os animais”. Segundo a mesma nota, a tourada, realizada no sábado passado em Coruche, demonstrou que “os touros não são as únicas vítimas” nos eventos tauromáquicos. “Esta é evidentemente uma atividade que também coloca em risco pessoas e outros animais, como é o caso de cavalos”.
Cristina Rodrigues, dirigente do partido liderado por André Silva, explicou, em declarações ao i, que o PAN teve conhecimento das consequências daquele evento através da comunicação social. Referindo um vídeo divulgado pelo Correio da Manhã, no qual se pode ver o cavalo que foi posteriormente abatido a ser colhido por um touro e a sofrer uma fratura exposta, Cristina Rodrigues destacou que nas imagens “apenas se vê uma série de pessoas a rodear o cavalo”, não sendo possível determinar se alguma delas era um veterinário e se o cavalo foi assistido naquele momento. “Também não sabemos como é que o animal foi removido da arena, se lhe foi administrado no momento algum tipo de sedativo, porque era impossível com uma fratura exposta não estar em sofrimento. Para além disso, não sabemos que tipo de avaliação foi feita para se concluir que o animal tinha de ser abatido”, argumentou.
A dirigente do PAN sugeriu que, geralmente, um cavalo com uma pata partida “tem a possibilidade de recuperar” e que, possivelmente, “o animal foi abatido porque não ia voltar à praça de touros”, após aquela lesão. “Poderia ser um animal de companhia, mas era preciso que o seu proprietário tivesse essa vontade. Não nos parece que essa vontade tenha existido”.
No entanto, nas redes sociais, o dono do cavalo que morreu, João Moura Júnior contou a sua versão dos acontecimentos, caracterizando aquela tourada em Coruche como a pior noite da sua vida “enquanto cavaleiro”, “amante dos animais” e, sobretudo, “enquanto fiel amigo” dos seus cavalos. Apesar de não acrescentar nenhuma informação que clarifique as questões colocadas pelo PAN sobre a decisão de abater o animal, Moura Júnior garantiu que “as recomendações do médico veterinário” foram de “eliminar o sofrimento e assim garantir o bem-estar” do cavalo.
Ainda sobre a noite de sábado, na vila de Coruche, Cristina Rodrigues disse ao i que a segurança das pessoas nestes espetáculos é também uma preocupação do PAN, considerando que “houve uma série de incidentes neste evento em particular” que acabaram com a hospitalização de vários pessoas. “Esta tourada só ilustra a violência desta atividade e as consequências graves que pode ter para todos os intervenientes”, assinalou.
Mais, a dirigente do PAN acusou ainda o Governo de “fechar os olhos” e não querer assumir que quem apoia a tauromaquia em Portugal “é uma minoria” e que a maioria considera que este tipo de atividades, “que causam sofrimento a pessoas e animais, não são um espetáculo aceitável na nossa sociedade”.
PAN insiste na proibição Perante esta situação, o partido de André Silva aproveitou para anunciar que vai novamente “pugnar pelo fim dos espetáculos tauromáquicos” na próxima legislatura. O PAN acredita que “os partidos tradicionais estejam finalmente à altura dos anseios da população portuguesa”. No ano passado, o PAN apresentou um projeto de lei para abolir as touradas, mas foi chumbado.