Enquanto decorria no Parlamento o debate do Estado da Nação, o Presidente da República aproveitou para lançar recados aos partidos apelando a estabilidade governativa pelo menos até 2021 – período que o chefe de Estado considera ser “crucial”, sendo este o ano em que Portugal assumirá a presidência da União Europeia.
Até lá, Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos partidos para que exerçam “uma governação estável” e que não esteja dependente de “acordos pontuais”. Durante os próximos dois anos, Marcelo diz esperar que existam condições para se decidir em consenso sobre matérias como a segurança social, as alterações climáticas, a demografia, a descentralização ou as qualificações e novas realidades do mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, durante estes dois anos o PSD deverá conseguir reorganizar-se formando a “imprescindível alternativa”.
Com um Governo estável, o Presidente da República acredita que a presidência de Portugal da UE seja “uma oportunidade” para o país.
Durante a intervenção no 8.o Congresso Nacional dos Economistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o chefe de Estado aproveitou ainda para deixar um caderno de encargos ao próximo Governo, traçando sete desafios até 2021. Em primeiro lugar, Marcelo Rebelo de Sousa entende que é necessário “mobilizar a abstenção para o voto” e, em segundo, “manter o essencial do sistema partidário”, para que este “possa reformar-se sem ruturas mais ou menos drásticas”. Outra prioridade está relacionada com a forma como “configuram os portugueses o equilíbrio de forças dentro dele, para que consensos essenciais de regime sejam viáveis, governação estável se afirme e alternativa garanta a efetiva vitalidade do sistema político”.
Entre os sete desafios, Marcelo incluiu também a capacidade dos parceiros políticos e económicos para “dar expressão cabal ou pelo menos mínima a anseios da sociedade, por essa via, minimizando riscos sistémicos e, em conformidade, reduzam escaladas pontualmente tentadoras”, acrescentando que é fundamental manter “aquilo que existe de mais adequado e significativo hoje nas finanças e na economia, e que não pode e deve ser perdido”.
Elogia convergência com UE
Marcelo comentou ainda as previsões de crescimento da Comissão Europeia – Bruxelas manteve crescimento de 1,7% do PIB para 2019 e 2020 – ao considerar que são “boas” notícias por entender que a economia portuguesa continua a convergir com a União Europeia e, ao mesmo tempo, “significa que, beneficiando de razões externas, o que é facto é que os mercados de fora veem de forma positiva a situação em Portugal”.
“É uma perspetiva que eu posso considerar boa para Portugal, porque continuamos a convergir com a UE”, acrescentando que “isso é bom em termos de emprego e é bom em termos de juros da dívida pública”. Ainda assim alerta para riscos, nomeadamente em termos de balança comercial. “Temos aí um dos problemas, esse, a produtividade e a competitividade, que são problemas que nos devem preocupar nos próximos meses e nos próximos anos”, afirmou.