Ao fim de quatro anos como membro da Comissão Política Nacional do PAN, André Charters d’Azevedo anunciou que apoia o Iniciativa Liberal, através de uma publicação no Facebook.
Declarando que nunca se sentiu “ideologicamente perto de um partido”, o ex-dirigente do partido de André Silva começou por justificar que “pensava que o PAN poderia” ser a força política que se enquadrava com aquilo que “sempre defendeu”: “uma liberdade económica forte, mas também uma liberdade individual também forte”.
Compreendendo “que isso não estava no DNA do partido”, André d’Azevedo decidiu abandonar o PAN, apesar de continuar a “defender as causas que o PAN defende” de forma “moderada” e “racional”.
Seis meses depois, o antigo dirigente esclareceu que se identificou “perfeitamente com Manifesto da Iniciativa Liberal”, em particular com três posições defendidas na declaração. A primeira prende-se com a luta “contra qualquer forma de censura”, considerando que “uma comunicação clara dos valores europeus, assim como dos direitos e responsabilidades individuais” é “única arma que nos protegerá do populismo e ideais extremistas”.
Em segundo lugar, o informático nas Águas de Portugal – segundo o seu LinkedIn – diz rever-se na rejeição do “fascismo e comunismo de igual forma”. E, por fim, salienta que concorda com o partido quando este declara que se deve “evitar a todo o custo políticas identitárias”, recordando que “a minoria mais pequena, mais atacada e mais desprotegida de todas é o indivíduo”.
“Oposição ao governo"
Não sendo filiado em nenhum partido, o ex-dirigente do PAN garantiu que apoia a estrutura partidária liderada por Carlos Guimarães Pinto porque acredita que “a Iniciativa Liberal poderá defender valores fundamentais de liberdade, realizar uma forte oposição ao Governo e por isso apresenta-se como uma alternativa real”. O antigo dirigente acrescentou ainda que tomou a posição pública de apoiar agora o partido que vai pela primeira vez a eleições legislativas porque “vê cada vez mais a sociedade a extremar-se”, em Portugal, tanto à esquerda “com o BE” como à direita, “ com o aparecimento de partidos como o Chega”, sem uma “oposição decente por parte do PSD e CDS”.
Contactada pelo i, fonte oficial do Iniciativa Liberal confirmou que André d’Azevedo não é candidato a deputado pelo partido. O i também tentou falar com o ex-dirigente do PAN, mas até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.
Tribunal recusa lista
Um dia depois do término do prazo para os partidos entregarem as listas dos candidatos às legislativas, o Tribunal da Comarca de Portalegre recusou a lista da Iniciativa Liberal por “excesso de mulheres”, avançou, ontem, a própria estrutura partidária fundada em dezembro de 2017, através de um comunicado. Segundo a nota, o tribunal “exigiu” que o partido “substituísse algumas das mulheres da sua lista por homens de forma a cumprir a lei das quotas”.
O Iniciativa Liberal confirmou que irá proceder às alterações pedidas, mas não deixou de se manifestar contra a decisão judicial. “Apesar de não concordarmos com a lei, iremos substituir duas mulheres na lista por dois homens. Não iremos deixar de dar aos eleitores de Portalegre a possibilidade de votar na Iniciativa Liberal apenas por discordarmos da lei”, refere Carlos Guimarães Pinto.