Um recurso do processo da Máfia do Sangue e agora outro da Operação Marquês, informação avançada pelo Público, foram atribuídos, através de sorteio ao juiz da Relação Rui Rangel, recém-regressado à magistratura depois de mais de um ano de suspensão, por ter sido indiciado na Operação Lex. Sublinhe-se que os três processos têm em comum acusações de corrupção.
Rangel foi acusado de receber contrapartidas financeiras para decidir processos a favor de quem alegadamente lhe pagava. O juiz é também suspeito de influenciar decisões judiciais em processos entregues a outros juízes.
Após o seu nome ter sido implicado no caso, o magistrado esteve afastado dos tribunais durante mais de um ano, mas findo o prazo máximo para a suspensão preventiva, Rangel voltou ao trabalho na Relação de Lisboa em julho.
Recorde-se que no início desta semana já tinha sido noticiado que Rangel tinha nas mãos um recurso apresentado pelo Ministério Público, no âmbito do processo Máfia do Sangue, no qual a Octapharma, empresa na qual José Sócrates chegou a trabalhar após sair do Governo, é suspeita de pagar a médicos para ganhar o concurso de fornecimento de plasma aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
Esta sexta-feira, o Público avançou que um recurso da Operação Marquês, outro caso de corrupção, também irá ser decidido por Rangel.
Questionado sobre a atribuição, o juiz garantiu à TSF não ter recebido qualquer recurso do processo que tem José Sócrates como principal arguido. "Não tenho nenhum recurso da operação Marquês", afirmou.
Sobre o mesmo tema, o presidente do Tribunal da Relação, Orlando Nascimento, explicou que "sendo uma distribuição recente, ainda não foram entregues processos ao Ex.º Juiz Desembargador para a decisão e consequentemente não foi suscitada qualquer escusa ou recusa".