Jerónimo ataca PS e PAN

Secretário-geral do PCP vai marcar presença em 12 comícios e aposta nos distritos de Lisboa e Setúbal. Não faltarão alertas para o risco de uma maioria absoluta do PS.

Na agenda do secretário-geral do PCP saltam à vista as iniciativas de campanha nos distritos de Lisboa e Setúbal. Jerónimo de Sousa vai percorrer o país, no período oficial de campanha, mas aposta nos distritos em que o PCP consegue eleger mais deputados. Viseu, Vila Real, Viana do Castelo, Guarda e Bragança não contarão com a presença da principal figura do PCP.

Jerónimo tem previstos 12 comícios e as tradicionais arruadas em Lisboa e no Porto. O primeiro, no período oficial da campanha, está agendado para Loures, a meio da tarde de amanhã. O último será na cidade de Braga, no dia 4 de outubro. Pelo meio, o líder comunista participa em comícios em Samora Correia, Vila Nova de Gaia, Faro, Almada, Évora, Aveiro, Coimbra, Rio de Mouro e Setúbal.

Esta é a primeira vez que o PCP enfrenta eleições legislativas depois de ter apoiado um Governo socialista. Jerónimo de Sousa garantiu, numa entrevista promovida pelo PCP, que se fosse por isso o PCP teria «um resultadão», mas o partido perdeu peso nas presidenciais, autárquicas e legislativas.

O secretário-geral quis, esta semana, responder aos críticos internos da ‘geringonça’. Admitiu que «um ou outro» contesta esta solução mas rejeita que os comunistas possam pagar a fatura de ter apoiado um Governo socialista. «Dizer que vamos sofrer consequências por aquilo que fizemos… Se fosse por causa do que fizemos e conquistamos, teríamos um resultadão nas eleições». 

O PCP promoveu uma entrevista, que divulgou nas redes sociais, com Jerónimo de Sousa à mesma hora do debate entre António Costa e Rui Rio. O secretário-geral do PCP aproveitou para garantir que a maioria dos militantes comunista é favorável à ‘geringonça’ devido aos «avanços alcançados».

Apesar disso, Jerónimo de Sousa garantiu que o PS «não se libertou da política de direita», nomeadamente em matérias como a legislação laboral em que os socialistas procuraram «a sombra protetora» da direita.

O PAN também não escapou às críticas. Jerónimo de Sousa rejeitou a «visão repressiva» do partido de André Silva e lembrou que o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ foi «pioneiro» na defesa das questões ambientais. O secretário-geral do dos comunistas foi confrontado, no debate a seis nas rádios, com a polémica à volta das touradas e voltou a assumir que o PCP é favorável porque «a cultura e a identidade de cada povo deve prevalecer, independentemente de se gostar ou não gostar do espetáculo».

 

O povo é que paga

Jerónimo de Sousa vai percorrer o país a apelar ao voto na CDU e não faltarão avisos para o risco de uma maioria absoluta do PS. O secretário-geral dos comunistas defendeu, esta terça-feira, nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, que «se houver retrocesso, se andarmos para trás, não é o PCP nem o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ que pagarão as consequências», mas «o povo».

Num jantar com militantes e simpatizantes, Jerónimo de Sousa voltou a acusar o PS de não se ter libertado da política de direita e respondeu à promessa feita por António Costa de dar mais um passo na erradicação da pobreza e aumentar o Complemento Solidário para Idosos. «Então acabe com este drama de milhares e milhares de trabalhadores que trabalham empobrecendo devido aos salários baixos que têm e aumente o salário mínimo», disse.

 

Salário mínimo com aumento de 250 euros

O desafio lançado a Costa dificilmente terá uma resposta positiva. O_PCP é um dos partidos mais ambiciosos no aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN). No programa eleitoral, os comunistas defendem «o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, com um significativo aumento do salário médio, a valorização das profissões e das carreiras» e a elevação do salário mínimo para 850 euros.

O PCP argumenta que uma subida significativa do salário mínimo teria vários impactos positivos. «Dinamiza a atividade económica», é «propulsor do aumento geral dos salários» e é «um instrumento indispensável para combater a pobreza laboral: não há justiça social com trabalhadores pobres». Na prática, o salário mínimo aumentaria 250 euros.