A ideia do PS de limitar a concessão dos vistos gold em Lisboa e no Porto, passando a estarem apenas disponíveis para quem investir no interior “vai ser contraproducente e vai no sentido de tentar travar a procura no mercado, em vez de promover o aumento da oferta”. Esta é a reação da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) à proposta socialista que foi apresentada para “retirar a pressão das áreas metropolitanas” dando resposta ao problema da “especulação imobiliária”.
Mas para Luís Lima não há dúvidas: esta sugestão do PS é um sinal negativo para o mercado imobiliário e resulta de uma pressão dos partidos de esquerda. “Compreendo a necessidade de serem introduzidos ajustes nestas zonas onde existe uma maior pressão imobiliária, mas retirá-las do programa é mudar as regras a meio do jogo e um sinal negativo que estamos a passar aos potenciais investidores”.
De acordo com o responsável, uma das soluções para resolver este problema passaria por aumentar o valor mínimo de investimento nestes concelhos, que poderia passar de 500 mil euros para um milhão, por exemplo. “Não posso concordar que seja retirada a oportunidade de investir, sobretudo tendo em conta que se está a considerar toda a área metropolitana”, revelou.
Já para Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) outra hipótese seria aumentar em Lisboa e no Porto o valor dos imóveis de 500 para 750 mil euros.
Sobre a promoção da descentralização do investimento para o interior do país, o presidente da APEMIP considera o estímulo positivo, mas ainda assim, chama a atenção para o facto de a delimitação das zonas poder deixar de fora regiões que também precisam que este investimento lhes chegue.
Luís Lima lamenta que as suas preocupações sobre eventuais mexidas no programa que foram divulgadas no início de janeiro não tenham sido tidas em conta. “Como representante do setor, fiz o meu papel e sugeri um reajuste ao invés do cancelamento para Lisboa e Porto. No entanto, esta sugestão parece não ter sido acolhida, o que lamento, como aliás lamento o enfoque negativo sobre o imobiliário, na discussão do Orçamento de Estado. Este mercado faz parte do tecido económico nacional e dá um contributo bastante valioso, que parece estar a ser desconsiderado e, pior ainda, penalizado”.
Fim do programa
Também para a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários esta limitação “vai ditar o fim do programa” que é encarado como “demasiado importante para a nossa economia para ser vítima de tentativas vãs e do ‘jogo político’, na medida em que é um grande gerador de riqueza e de postos de trabalho”. Para a APPII “já existe uma discriminação positiva para o investimento feito em atividades de investimento fora de centros urbanos, apresentando no caso do imobiliário um desconto no valor exigido de aquisição”.
De acordo com as contas da APEMIP, desde a criação deste programa em 2012, foram atribuídas 8207 autorizações de residência, que correspondem a um investimento de mais de 4.9 mil milhões de euros em Portugal, dos quais 4.5 mil milhões correspondem a imobiliário. Só em 2019, este investimento representou mais de 660 milhões de euros. Já para a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários dos 4,9 mil milhões de euros que este programa conseguiu captar, cerca 4,5 mil milhões correspondem a investimento em ativos imobiliários localizados em centros urbanos.