O Parlamento aprovou ontem as audições do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto, na sequência dos insultos de que Moussa Marega foi alvo no jogo de domingo frente ao Vitória Sport Club.
O requerimento, apresentado pelo PCP, contou com os votos favoráveis de todos os deputados presentes. Ausentes estavam os deputados do PAN, Iniciativa Liberal e Chega.
Considerando que este é um assunto que ultrapassa as competências da Comissão de Assuntos Constitucionais, onde o requerimento foi aprovado, o deputado comunista António Filipe sublinhou a importância da tomada de decisão nestes casos “para que estas situações não continuem a envergonhar o país”.
Considerando que era necessária uma “separação de águas” entre os comportamentos racistas e a linguagem de ódio e de violência no desporto, Telmo Correia, do CDS, sugeriu que também a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto fosse ouvida no Parlamento.
Intransigência
Beatriz Gomes Dias defendeu que era preciso olhar para o episódio com “uma postura de intransigência”. A deputada do Bloco de Esquerda já tinha, na segunda-feira e em conjunto com o deputado Luís Monteiro, questionado o Governo sobre quais as medidas de intervenção que se previa tomar neste caso e sobre a existência de casos semelhantes.
Já a deputada socialista Isabel Moreira lembrou que o jogador Marega não foi a primeira vítima de racismo no desporto, mas foi “o primeiro exemplo mediático a dizer basta”, e Joacine Katar Moreira alertou para que as questões do racismo não fossem discutidas apenas quando há “um consenso” por parte dos média ou dos partidos políticos ou “quando se refere a futebol”.