“O 25 de Abril é essencial e tinha de ser evocado”, afirmou Marcelo

“Aqui se ouviram vozes discordantes, que falaram de Abril de 2020, de sucessos, mas também de fracassos. Passados e presentes”, afirmou, explicando que o que seria “verdadeiramente incompreensível e civicamente vergonhoso era haver um país a viver este tempos de sacrifício e de entrega e a Assembleia da República remedir-se de exercer todos os seus…

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “em caso algum” iria conceber um “desencontro com a casa da democracia” no atual momento que Portugal atravessa, “que exige convergência perante desafios tão graves da vida e da saúde”. “Esta hora impõe-nos unidade”, afirmou, acrescentando que é a convergência entre os partidos políticos que “têm vindo a ser decisiva para Portugal”.

 “Não é este um tempo excecional e, em tempos excecionais, não devem dispensar-se evocações costumeiras e para muitos ritualistas?”, questionou, sublinhando ser “sensível” às dúvidas dos portugueses acerca do formato da celebração do 25 de Abril. “Não”, afirmou prontamente, respondendo à sua pergunta e esclarecendo que é “precisamente em tempos excecionais que se impõe evocar o que constitui mais do que um costume ou um ritual, o que é manifestante essencial”.

“O 10 de Junho é essencial e vai ser evocado. O 1.º de Dezembro é essencial e vai ser evocado. O 5 de Outubro é essencial e vai ser evocado. O 25 de Abril é essencial e tinha de ser evocado”, afirmou, explicando que é em tempos de “dor e sofrimento” que mais importante evocar “a pátria, independência, a República, a liberdade e a democracia”.

Marcelo deixou ainda claro que “a presente evocação não é uma festa de políticos alheia ao clima de privação vivido na sociedade portuguesa”, acrescentando que evocar a data “é falar deste tempo, não é ignorá-lo”. “É falar dos seus desafios, presentes e futuros. Do que acertamos e do que erramos”, acrescentou.

O presidente da República relembrou ainda a todos os que estavam presentes no Parlamento que foram escolhidos pelos portugueses que, independentemente de cores políticas, o que une os políticos são os dramas, angústias e receios dos portugueses. “Pelas quais somos, assumidamente, responsáveis”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu ainda que a presença de todos na asala não era “um mau exemplo” em plano em estado de emergência, tendo em conta que a situação exige “um reforço extraordinário dos poderes do Governo”.

“Aqui se ouviram vozes discordantes, que falaram de Abril de 2020, de sucessos, mas também de fracassos. Passados e presentes”, afirmou, explicando que o que seria “verdadeiramente incompreensível e civicamente vergonhoso era haver um país a viver este tempos de sacrifício e de entrega e a Assembleia da República remedir-se de exercer todos os seus poderes numa situação em que eles eram e são, mais do que nunca, imprescindíveis”.

Marcelo explicou afirmou ainda que “evocar Abril não é apenas, nem sobretudo saudar de modo especial o Presidente António Ramalho Eanes, aquele que dos seus militares, foi o primeiro Presidente da República democraticamente eleito em Portugal”. Nas palavras de Marcelo, “evocar Abril” não é também apenas, nem sobretudo, recordar, Francisco Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Mário Soares e Diogo Freitas do Amaral, os quatro principais fundadores partidários do constitucionalismo pós-Abril.

“Evocar Abril é, nesta circunstância, combater a crise na saúde, que atravessamos e vamos atravessar e a crise económica e social que, por causa dela, começamos a viver e continuaremos a viver durante anos”, afirmou.

"Evocar Abril é testas os que há a testar, isolar os que há a isolar, é internar os que há a internar, é ventilar os que há a ventilar – pacientes do vírus e outras doenças, incluíndo os que vivem em lares e instituições similiares", acrescentou, explicando que é necessário "acorer" aos desmepregos e aos que correm risco de o ser, a famílias aflitas. "É ultrapassar egoísmos, unilateralismos, visões fechadas do mundo e da vida", disse.

Marcelo terminou o discurso pedido à Assembleia o "essencial". "Vamos vencer as crises que temos de vencer", disse, antes de o Parlamento cantar, ao som de uma gravação da Orquestra Filarmónica, o Hino Nacional.

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