Os defensores de que o PS deve ir a jogo nas presidenciais não gostaram de ouvir o secretário-geral lançar a candidatura de Marcelo. O ex-deputado socialista Ricardo Gonçalves escreveu nas redes sociais que “a situação está pior do que parece” por António Costa tomar esta posição sem ouvir o partido. “Nem congresso ainda houve”, lamenta Ricardo Gonçalves. O congresso do partido estava previsto para maio, mas foi adiado devido à pandemia e ainda não foi agendada uma nova data.
O ex-ministro socialista Paulo Pedroso também disparou contra o líder dos socialistas. “António Costa anuncia na Autoeuropa não a recandidatura de Marcelo, mas a sua reeleição. Era difícil ser mais deslocada a sua declaração implícita de apoio à candidatura”, escreveu, na sua página de Facebook, o ex-dirigente do PS.
Os socialistas estão divididos entre apoiar Marcelo, dar liberdade de voto aos militantes ou apresentar um candidato próprio. Alguns destacados militantes já vieram admitir a possibilidade de apoiarem a mais que provável recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o ex-ministro Jorge Coelho e o ex-deputado João Soares foram alguns dos socialistas que não descartaram votar no atual Presidente da República.
O apoio do PS a um candidato de direita seria uma situação inédita. A tradição tem sido o partido apoiar um candidato da sua área política. Só nas últimas eleições é que o PS decidiu dar liberdade de voto aos militantes perante as divisões entre os apoiantes de Maria de Belém e de Sampaio da Nóvoa.
Até agora, André Ventura foi o único a anunciar oficialmente a sua candidatura. O deputado do Chega desafiou Ana Gomes a avançar sem o apoio do partido. “É já evidente que o PS não apoiará a Ana Gomes nas eleições presidenciais. Espero que, mesmo assim, não se acobarde e venha à luta”, afirmou.