Catarina Martins afirmou no último sábado que o Bloco de Esquerda só negoceia com membros do Executivo, rejeitando assim a existência de “paraministros”. A coordenadora do partido fez estas declarações depois de o Expresso ter avançado que António Costa Silva, CEO da petrolífera Partex, era o novo conselheiro do primeiro-ministro e que, nas últimas duas semanas, já tinha dado início a reuniões com os ministros. O semanário adiantou que a cargo do gestor fica a preparação de um programa de recuperação económica para o país, que servirá de base ao Orçamento do Estado para o próximo ano.
A coordenadora do Bloco sublinhou que António Costa é “livre” de aconselhar-se com quem “acha que pode fazer esse trabalho”, mas deixou claro que o partido só negociará com membros do Executivo, e que a “figura do parministro não pode existor”.
Também o CDS não demorou a reagir e, em comunicado, Francisco Rodrigues dos Santos sublinhou que “o CDS conta reunir com Costa e Siza, e não com Costa Silva”. O líder do CDS defendeu que o chefe de Governo “pode escolher com quem é que os seus ministros se aconselham”, mas deixou bem claro que, em matérias de governação, os centristas devem falar com o Governo e “não com que o Governo fala”. Francisco Rodrigues dos Santos aproveitou a ocasião para relembrar que propôs, no início da pandemia, a criação de um gabinete de crise “para relançar social e economicamente” Portugal num período pós-crise. “Apesar de tardiamente, vale sempre a pena recuperar esta boa ideia do CDS”, acrescentou o líder centrista.
Também o PCP não se mostrou disponível para discutir um futuro programa de recuperação, tendo, em declarações ao semário, reforçado que “o programa de recuperação deve ser discutido com quem deve, que é com o Parlamento e o Governo”.
Também André Silva se mostrou indisponível para debater o plano de recuperação económica com António Costa Silva, que descreve como “um homem do petronegócio” . O líder do PAN acrescenta , em comunicado, que o gestor “tem uma já conhecida visão económica para o país assente na destruição de ecossistemas e de património natural, no desrespeito da vontade das populações e no desprezo pelos efeitos das alterações climáticas”.
PSD continua a ser colaboração. Por outro lado, o PSD continua a ser “colaboração”, tal como Rui Rio garantiu que ia ser durante o combate à pandemia. Em nome do partido, Isabel Meirelles explicou que “a oposição responsável e colaborante do PSD” levava a que o partido estivesse disponível para colaborar “com quem o primeiro-ministro aceitar”. Segundo o semanário, a social-democrata manifestou “surpresa”, lamentando que o gestor seja um “estrante na política”. Em declarações, a deputada terá confessado que na explicação desta nomeação esteja uma “remodelação que está para breve”.
Catarina Martins sublinhou ainda que os membros do Governo,estão sujeitos “não só a um regime de incompatibilidades e impedimentos estritos como de transparência sobre os seus rendimentos”.
Ao ECO, Costa Silva garante que este trabalho é um “dever cívico” e que não está relacionado com uma eventual substituição do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. “Continuo na minha empresa e o resto são especulações sem fundamento”, declarou.