A manifestação contra o racismo (na sequência do homicídio de George Floyd nos EUA), criticada por reunir milhares de pessoas em tempos de pandemia e ter cartazes de apelo à violência contra a Polícia, e o ato de vandalismo praticado na estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, esta semana, relançaram a discussão sobre o racismo e o colonialismo em Portugal. Um debate que divide a esquerda e a direita, os partidos e também os historiadores.
Jaime Nogueira Pinto não tem dúvidas de que Portugal «não é, hoje, uma sociedade racista». Já para Rui Tavares «é evidente que há elementos de racismo estrutural na sociedade portuguesa».
O debate não é só nacional, mas mundial. E começou com a morte de George Ffloyd, em Minneapolis, às mãos (ou joelhos) da Polícia local.
As manifestações de protesto nos EUA, que descabaram em violência e pilhagens, propagaram-se pelo mundo e Lisboa não foi exceção.
O evento foi alvo de muitas críticas especialmente por juntar milhares de pessoas durante a pendemia e não cumprir o distanciamento social.
Rui Rio insurgiu-se contra a manifestação, até porque, disse, «não há racismo em Portugal».
O historiador e fundador do Livre Rui Tavares considera que as declarações de Rui Rio «são singularmente negadoras da realidade». Para este historiador, «há na sociedade portuguesa elementos de racismo estrutural». «Basta pensar nas dificuldades de acesso ao ensino superior, à habitação, ao crédito, ao mercado de trabalho ou aos empregos. Em vários destes critérios, pelos estudos que têm sido realizados, é claríssimo que minorias étnico-raciais têm tido mais dificuldade de acesso a todos estes elementos, que fazem parte e uma vida plena em sociedade. As raízes dessas exclusões são históricas algumas, sociais outras, mas fazem parte daquilo a que se costuma chamar racismo estrutural», diz Rui Tavares.
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