Santos Silva diz que interdição de voos e quarentenas impostas por países podem induzir pessoas em erro

O ministros dos Negócios Estrangeiros avisou ainda os portugueses que estão a pensar ir para países exóticos para não esperarem por voos de repatriamento com a dimensão e a rapidez com que foram organizadas em março e em abril”.

O Governo avisou, esta quarta-feira, que os portugueses que planeiem férias em  "destinos exóticos ou com ligações fracas a Portugal” não deverão contar com operações de repatriamento como as realizadas no início da pandemia de covid-19.

“Estamos a pedir aos portugueses que façam férias cá dentro, estamos a sugerir que evitem viagens não essenciais ao estrangeiro e estamos a avisar que, se forem agora para destinos exóticos ou com ligações fracas a Portugal, não contem com uma operação de repatriamento com a dimensão e a rapidez com que foram organizadas em março e em abril”, alertou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Augusto Santos Silva falava na vídeoconferência “Liberdade e Confinamento”, organizada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos, um organismo interministerial, quando deu este alerta, no contexto das limitações atuais às viagens.

O governante voltou a deixar críticas à descoordenação entre os Estados-membros da União Europeia (UE), que estão a aplicar “medidas de restrição organizadas nacionalmente”. Santos Silva frisou que não tem “nenhum problema com avisos aos viajantes”, de que é exemplo o aviso anterior.

O ministro lembrou ainda que a UE, em reunião dos ministros dos Estados-membros que pertencem ao espaço de livre circulação Schengen, emitiu uma orientação geral para que fossem repostas as condições de liberdade de circulação, até ao fim de junho, orientação que “vários Estados membros têm incumprido”.

Considerando que as medidas de restrição organizadas nacionalmente, "algumassem qualquer fundamento técnico", são contrárias à lógica europeia, Santos Silva afirmou ainda que no caso das quarentenas ou interdição de voos, há medidas que "induzem em erro as pessoas". “Se eu obrigar alguém que vem num avião […] a estar 15 dias confinado, não estou a resolver o problema da pandemia. Se esse alguém tiver vindo infetado no avião e se no avião não tiver sido usada máscara ou outras medidas de segurança, essa pessoa […] pode ter contaminado o avião inteiro”, exemplificou.

O ministro alertou ainda para a problemática das quarentenas e interdição de voos, que de forma rápida poderão, a seu ver, derivar para "o isolamento e o nacionalismo, para a estigmatização de natureza nacional, ética ou outra”.