‘Nunca ouvi Ventura falar da corrupção no futebol. É seletivo’

Tiago Mayan Gonçalves diz que Marcelo fez um ‘pacto de colaboração’ com o Governo para cumprir o sonho de ser o Presidente mais popular de sempre. Garante que vai ter apoios fora da Iniciativa Liberal e quer fazer uma campanha em contacto com as pessoas. 

Tiago Mayan Gonçalves nasceu e vive no Porto, é advogado e tem 43 anos. Foi militante do PSD, mas só se envolveu na política ativa quando Rui Moreira se candidatou, pela primeira vez, à câmara do Porto. É o candidato dos liberais, mas espera conseguir apoios entre os militantes do PSD, CDS e da Aliança. Faz duras críticas a Marcelo por ter ajudado o Governo, mas também a Rui Rio e a André Ventura. O grande objetivo é aproveitar a campanha para passar a mensagem dos liberais. 

 

É dos candidatos menos conhecidos do eleitorado. Como vai apresentar-se aos portugueses?

Sou um liberal apoiado pelo único partido liberal português. Essa será a primeira linha de como me apresentarei ao eleitorado. Isso é diferenciador porque nunca houve um candidato liberal. Temos mais de 100 anos de República e a verdade é que nunca houve um candidato liberal à Presidência. 
Qual seria a diferença se fosse eleito um Presidente com essas características?
Sou um liberal e tenho uma visão do que isso representa para o exercício do mandato do Presidente da República. Será um Presidente que reconhece que o soberano é o cidadão. Não é o Governo quem manda, não é o Parlamento quem manda, não é o Presidente quem manda. Há um soberano que é o cidadão. Isso significa, por exemplo, que um Presidente liberal tem claramente presente que não pode haver um país e dois sistemas. Não pode haver festas para uns e festas proibidas para outras. Não pode haver um Estado que cria regras para os cidadãos e depois cria exceções para si mesmo. O Estado exige, por exemplo, a um reformado que que limpe o seu terreno e ao lado tem um Pinhal de que não trata.

 

Como entrou na vida política?

Comecei a envolver-me politicamente e ativamente com o movimento de Rui Moreira. A participação política ativa nunca me interessou até esse momento porque não havia nada que me atraísse. São partidos e são sistemas recheados de vícios.

 

Mas foi militante do PSD…

Cheguei a ser, mas sem nenhum tipo de envolvimento. Também sou membro do ACP [Automóvel Clube de Portugal] e nem sequer tenho automóvel. A primeira vez que me envolvi ativamente foi no movimento de Rui Moreira. Foi um movimento de cidadãos. Percebemos que as opções que existiam eram mais do mesmo.
Gostava de ter o apoio do presidente da Câmara do Porto?
Claro que sim, mas uma das coisas que mais prezo no Rui Moreira é a sua independência e liberdade. Não vou estar a supor que ele irá dar apoios públicos. 

 

Depois disso esteve entre os fundadores da Iniciativa Liberal…

A Iniciativa Liberal surgiu porque sentimos a necessidade de criar a nossa opção. Não víamos opções. O grande catalisador para criar um partido foi a questão dos incêndios de Pedrógão. Sentimos o descalabro total do Estado e a desculpabilização por parte de todos o sistema politico. Isso foi revoltante e sentimos que tínhamos de fazer alguma coisa. Criamos um partido e julgo que é claro para todos que é uma história de sucesso. 

Vai ter apoios além da Iniciativa Liberal?

Gostaria e vou ter. Esta candidatura é uma candidatura de um liberal, mas também tem uma proposta concreta para um grande espaço eleitoral. Pessoas que não se classificam como liberais, mas que não se reconhecem num Presidente que se submeteu ao Governo e também não se reconhecem em propostas populistas. Há esse espaço político e esta candidatura pretende ser uma alternativa para essas pessoas. Esse trabalho está a ser feito. Estou muito focado na preparação da campanha, mas esses apoios vão surgir. Estou convencido de que esta candidatura apelará a uma grande franja eleitoral que inclui eleitores e militantes do PSD, do CDS e do Aliança. 

O que não gosta no atual Presidente da República? É o estilo como exerce o mandato?

Não. Não é o estilo. É claramente o facto de ele ter abdicado de ser Presidente da República. Fê-lo por uma estratégia pessoal. Marcelo Rebelo de Sousa pretende ser reeleito e tem o sonho o Presidente mais adorado e mais votado. A estratégia dele para conseguir isso foi abdicar de ser Presidente da República submetendo-se aos desígnios do Governo. Fez um pacto de colaboração do o Governo para conseguir isso. 

 

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