Na quinta sessão do julgamento do caso Football Leaks, que aconteceu esta terça-feira no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o inspetor da Polícia Judiciária (PJ) José Amador, contou que as autoridades francesas tiveram acesso às provas apreendidas a Rui Pinto sem o seu conhecimento. Quando o pirata português foi detido, existiam 26 sacos com “documentos e cabos de ligação”, mas dois meses depois, só 24 chegaram a Portugal. “Houve informação que não passou por todos os órgãos policiais", disse o inspetor em tribunal.
José Amador contou que ligou para a Hungria para tentar perceber como é que dois sacos haviam desaparecido, mas na altura ninguém o conseguiu ajudar. “No dia seguinte foi-me dito que os sacos teriam estado no cofre [da esquadra] e que na sequência de outra solicitação os sacos teriam sido levados para outro local e que tinham sido alvo de uma intervenção", explicou. O inspetor conta que ficou estupefacto com o que tinha acontecido e, quando recebeu os sacos em falta, reparou que tinham “sido abertos e os selos [rubricados pelo arguido] recolocados". No entanto, garantiu que os documentos não foram alvo de manipulação. "O resumo digital é um ponto fundamental na aferição da integridade. Estamos perante o mesmo conteúdo digital, essa é a metodologia universal utilizada", afirmou José Amador.
Depois do sucedido, o inspetor explicou que não apurou a situação junto das autoridades francesas por as autoridades portuguesas não terem “capacidade de se opor”. No entanto, sublinhou que “os pedidos de esclarecimento foram feitos por várias vias e ao mais alto nível, o Eurojust. O magistrado português pediu informações ao magistrado húngaro".