Governo e PS garantem que as negociações com a esquerda para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021 estão a correr bem e que existem condições para um acordo. O aumento do salário mínimo, uma nova prestação social e o aumento extraordinário das pensões são algumas das medidas que estão a ser negociadas com o Bloco de Esquerda e o PCP.
João Paulo Correia, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, disse, em conferência de imprensa, que “as negociações com o Bloco de Esquerda e com o PCP tem decorrido com sucesso”. O socialista rejeitou que exista um “impasse” nas negociações e assegurou que há “avanços” em matérias que são cruciais para a esquerda aprovar o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Mariana Vieira da Silva também considera que existem condições para “fazer um caminho de aproximação entre as várias posições”. A ministra da Presidência, no intervalo da reunião para aprovar a proposta do Governo, à hora de almoço, disse ainda que o objetivo é conseguir um orçamento que “responda à crise e não a agrave”.
A esquerda tem dado sinais de preocupação com o evoluir das negociações, mas do lado do Governo a mensagem é mais otimista. João Paulo Correia afirmou que o debate, nesta quarta-feira, com o Governo decorreu “num tom mais amigável” e revela que as negociações estão a evoluir no sentido positivo.
António Costa comprometeu-se com um aumento “significativo” do salário mínimo”. A meta do Governo continua a ser atingir os 750 euros até ao final desta legislatura. O aumento no próximo ano não deverá, porém, atingir os 35 euros, como aconteceu o ano passado, devendo andar à volta dos 20 euros.
O Governo está também a negociar uma nova prestação social para as pessoas que ficaram sem qualquer tipo de apoio no contexto da pandemia.
Do lado da esquerda os sinais não são tão claros sobre a aprovação do orçamento que será entregue no Parlamento na próxima segunda-feira e votado, na generalidade, no dia 28. Catarina Martins disse, numa entrevista à RTP, na terça-feira à noite, que “as matérias essenciais para responder à crise e que o Bloco de Esquerda colocou em cima da mesa das negociações logo no início do Verão ainda não tiveram resposta”.
Jerónimo de Sousa admitiu, esta quarta-feira, no debate com o Governo, que “os sinais que vêm da parte do governo não são para nos deixar descansados, quer em relação ao salário mínimo, quer em relação aos salários da administração púbica, quer em relação às outras matérias”. Numa entrevista ao jornal Avante!, Jerónimo de Sousa não dá sinais sobre a posição do PCP em relação ao orçamento, mas reafirma que a geringonça permitiu “repor, avançar e conquistar um vasto conjunto de direitos”. O secretário-geral dos comunistas considera, porém, que outra lição que se pode retirar dessa experiência é que “as soluções para os problemas de fundo do país, nomeadamente para ultrapassar os seus défices estruturais, exigem uma outra política alternativa, em rutura com a política de direita e liberta das opções de classe do PS e do seu Governo”.
CDS CHUMBA ORÇAMENTO O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, admitiu que “este orçamento tem todas a condições para ser chumbado pelos partidos de direita, nomeadamente pelo CDS, dado que segue uma receita que já é bem conhecida pelos portugueses”.
Em conferência de imprensa, o líder centrista defendeu que “é uma receita de ontem com os mesmos de sempre a contribuírem para a sua construção”. Francisco Rodrigues dos Santos resume assim a proposta do Governo: “investimento público à socialista, obras públicas a gosto e uma pitada de aumento da contratação de funcionários públicos”.