A decisão do PS de dar liberdade de voto aos militantes nas eleições presidenciais abriu a porta a que fossem tornados públicos um conjunto de apoios à candidatura de Ana Gomes. Governantes, deputados e autarcas, principalmente da ala esquerda do partido, assumiram que vão estar ao lado da ex-eurodeputada socialista na corrida presidencial.
Depois de Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e Tiago Barbosa Ribeiro, deputado, rejeitaram apoiar uma candidatura de direita. “Entendo que não devo apoiar uma candidatura de direita com uma visão política da sociedade distinta da minha”, explicou o socialista Duarte Cordeiro. O governante e dirigente do PS elogia o percurso “político e público” de Ana Gomes e o “seu espírito inconformado e lutador”.
Tiago Barbosa Ribeiro defende que as diferenças entre esquerda e direita não se devem “anular”. O deputado socialista lembra que o próximo Presidente da República vai exercer o mandato num contexto de crise económica e social e que são essenciais questões como a “defesa do Estado social”, o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública ou a regionalização.
Manuel Alegre também estava só à espera que o partido se definisse para declarar apoio à candidatura de Ana Gomes. A candidata disse sentir-se “muito honrada e muito encorajada” com o apoio que lhe foi dado pelo “destacadíssimo militante do PS”.
divergências ideológicas Ana Gomes garantiu que a sua candidatura ficará “mais forte com os apoios de todos os socialistas que nela se reconhecerem”.
Na sequência da reunião da comissão nacional, em que o PS decidiu dar liberdade de voto aos militantes, a ex-eurodeputada socialista disse à agência Lusa que recebe com “alegria e sentido de responsabilidade pela confiança depositada o apoio de todas e todos que se revejam na candidatura de convergência progressista à Presidência da República”.
Os apoios nestas eleições presidenciais traduzem as diferenças ideológicas que existem no interior do PS. Ana Gomes conta com mais apoios na ala esquerda do partido e Marcelo Rebelo de Sousa na ala moderada.
Fernando Medina, outro dos nomes que são vistos como possíveis candidatos à liderança quando António Costa sair, assumiu, na reunião da comissão nacional, o apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. O atual Presidente da República deve contar também com os apoios do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, do presidente do partido, Carlos César, e, entre outros, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Há, porém, socialistas em quase todas as candidaturas de esquerda. Isabel Moreira e Ascenso Simões, deputados do PS, já declararam apoio ao comunista João Ferreira.
Só Marisa Matias não consegue captar apoios de relevo entre os socialistas numa altura em que os antigos parceiros da geringonça estão mais afastados devido à posição assumida pelo Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado para 2021.
Marcelo Rebelo de Sousa ainda não anunciou a recandidatura. Deverá avançar no final deste mês ou mesmo no início de dezembro. O atual Presidente da República já recebeu o apoio do PSD. Os centristas ainda não definiram uma posição, mas figuras destacadas como Paulo Portas, Ribeiro e Castro ou Manuel Monteiro já declararam o apoio à recandidatura de Marcelo.