O PS endureceu as críticas contra Rui Rio por causa do acordo com o Chega. Os socialistas acusam o PSD de “vender a alma ao diabo” e de estar a “esconder a verdade dos portugueses sobre o seu acordo com o Chega”.
Depois de ter sido conhecido o acordo que define as condições do Chega para apoiar José Manuel Bolieiro, os socialistas acusaram Rui Rio de dar “o seu patrocínio político à normalização de propostas populistas, xenófobas e contra civilizacionais”.
Para o PS, que tem alimentado uma troca de críticas com o PSD nos últimos dias, está provado que existe “um compromisso nacional do PPD/PSD de que será apresentada no Parlamento uma proposta de revisão da Constituição tendo em vista uma profunda reforma no sistema de justiça e uma reforma do sistema político”.
O PS defende ainda que Rui Rio e o PSD “merecem uma severa censura política, quer por duplicidade com os portugueses, quer por cumplicidade com a extrema-direita xenófoba”.
As críticas dos socialistas ao PSD por causa do acordo com o Chega duram há alguns dias. António Costa já tinha acusado o líder do PSD de ter “ultrapassado a linha vermelha de toda a direita europeia democrática ao celebrar um acordo com um partido de extrema-direita xenófoba”.
Em resposta, Rui Rio acusou, na segunda-feira, o secretário-geral do PS de estar “a mentir quando diz que há um acordo nacional”, porque “o acordo a que se chegou foi nos Açores”. O presidente do PSD voltou a garantir que só fará um acordo a nível nacional se “o Chega se moderar”.
Presidenciais O acordo entre o PSD e o Chega já se tornou um dos temas da campanha presidencial. Marisa Matias, candidata apoiada pelo BE, aproveitou para criticar Marcelo Rebelo de Sousa. “O Representante da República nos Açores decidiu chamar PSD, CDS e PPM a formar governo, por ter recebido o acordo entre PSD e Chega. O Representante da República é nomeado pelo Presidente da República e responde-lhe diretamente. Regista-se que o Presidente da República não vê como um problema a posse de um governo dependente do Chega”, afirmou ontem, nas redes sociais, a candidata apoiada pelos bloquistas.
Marisa Matias escreve ainda que Marcelo Rebelo de Sousa tem “a obrigação de proteger a Constituição” da República, mas “em relação aos Açores não está a fazê-lo”.
Ana Gomes já tinha desafiado o atual Presidente da República para dizer “o que pensa” sobre o acordo entre os sociais-democratas e um partido “xenófobo e racista” para governar os Açores. “Gostava de saber a posição do senhor Presidente”, disse Ana Gomes, no domingo, no seu comentário semanal na SIC.
Violação das boas práticas Vital Moreira defende que “o PS devia ser convidado a formar novo governo, apesar do anúncio da aliança das direitas”. O constitucionalista criticou a decisão do representante da República nos Açores, Pedro Catarino, e lembrou, no blogue Causa Nossa, que “num sistema de governo essencialmente parlamentar é ao parlamento, e não à entidade competente para indigitar o governo, que cabe afastar da governação o partido que ganha eleições”.
“Resta saber se esta precipitada decisão do Representante da República nos Açores foi tomada por si autonomamente ou, como é mais provável, em acordo com o Presidente da República, que assim se torna corresponsável por esta violação das boas práticas políticas”, afirma.