O caso arrasta-se há meses, chocou o País, levou o ministro da Administração Interna ao Parlamento, mas as medidas tomadas na sequência da morte do cidadão ucraniano Ihor Homenyuk não chegam para os partidos da oposição.
Três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foram acusados da morte daquele cidadão ucraniano, que tentou entrar em Portugal a 10 de março. O governo avançou com alterações ao centro de acolhimento de imigrantes e até há um botão pânico no novo espaço em Lisboa. Porém, o PSD veio ontem exigir mudanças estruturais no SEF, sob pena de Eduardo Cabrita, o ministro da Administração Interna, ficar em xeque e ter de sair.
“Ao não remover a direção do SEF, ao não tomar medidas urgentes, é o próprio ministro que deve pedir a sua substituição”, declarou ontem o deputado Duarte Marques, citado pela Lusa. O parlamentar considerou que “está em causa a falta de ação e a falta de decisões por parte do ministro da Administração Interna para fazer mudança estruturais”, conforme explicou à Lusa, acrescentando que a atual direção do SEF, dirigida por Cristina Gatões, “tem acumulada problemas, contradições e situações que envergonham aqueles que prezam o Estado de Direito e o respeito pelos Direitos Humanos”.
O pré-candidato presidencial apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, também já tinha pedido a demissão da diretora do SEF, mas também do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita: “O relatório acerca da morte de Ihor Homenyuk é arrasador: existia um pacto instalado no SEF do Aeroporto de Lisboa, com práticas como tortura, a ‘sala das surras’, sonegação de cuidados e encobrimento. A senhora diretora do SEF e o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita têm de se demitir ou ser demitidos”, disse o pré-candidato presidencial em comunicado.
O eurodeputado do Bloco de Esquerda José Gusmão também deixou ontem críticas ao caso no Twitter, aludindo à utilidade das novas regras no novo centro do SEF, renovado após a morte do referido cidadão ucraniano: “O que é que o novo centro do SEF vai ter de novo? Um regulamento que explica que não se pode torturar e assassinar pessoas? Ou é o botão de pânico, tremendamente útil para prisioneiros que sejam algemados, espancados e deixados no chão para morrer?”, questionou o parlamentar, na referida rede social.