A ministra da Saúde admitiu, esta quarta-feira, em entrevista à RTP, que a situação epidemiológica se agravou e que o fecho das escolas poderá ser imediato.
Marta Temido sublinhou a preocupação com o crescimento epidemiológico, provocado “também pelo incumprimento de regras, mas também com a disseminação da nova variante", que pode aumentar o RT em 0,4.
A ministra adiantou que todos os dados e as medidas discutidas hoje ao final do dia entre Saúde, Ministra da Presidência e Educação vão ser discutidas em Conselho de Ministros, incluindo o encerramento das escolas para todos os anos de escolaridade. O anúncio aos portugueses será feito pelo primeiro-ministro.
Confrontada sobre se passará a haver um confinamento total como o de março e abril do ano passado, Marta Temido rejeitou que haja mais abertura agora. “Estamos com um confinamento igual ao de março em tudo menos as escolas”, vincou.
Sobre o limite nos hospitais e o apelo “dramático” que fez esta semana no Parlamento, Marta Temido sublinhou que se tratou de um pedido sério. “Estamos a atingir o limite da capacidade de resposta. Todos os dias temos de nos reinventar”, disse.
“Os profissionais de saúde têm-nos levado a acreditar que conseguem fazer sempre mais um pouco mas neste momento sinto que estamos muito próximos do limite e que há situações em que estamos no limite”, afirmou, acrescentando que houve um reforço da capacidade de resposta, mas não estica. “Enfrentamos números poderosíssimos com os quais nunca julgámos ver-nos confrontados embora a expectativa seja que esta tendência vai acentuar-se nos próximos dias”.
Questionada sobre o pico desta vaga, Marta Temido afirmou que não há previsão. “Ainda não sabemos” até onde isto vai, assumiu, admitindo que é possível que se chegue aos 20 mil casos diários.
Sobre o aumento de capacidade resposta, a governante lembrou que neste momento há 52 convenções com o setor privado e social e estruturas militares para resposta aos doentes com covid 19, cerca de 850 camas ao todo no país que reforçam o SNS.
Na região de Lisboa há 165 camas acordadas com o setor privado, “que já estão a ser utilizadas” e mais 120 camas no centro médico militar de Belém e vão ser disponibilizadas mais 140 camas do hospital militar.
Mais os dois hospitais de campanha. A falta de “profissionais de saúde é o grande problema, as camas por si só não funcionam”, disse, admitindo incentivos financeiros.
Marta Temido defendeu ainda que “não é a requisição civil que resolve o problema porque os hospitais têm mais doentes para tratar”, adiantando que acredita que há espaço para aprofundar convenções, sem descartar que possam ser necessárias medidas mais extremas. “Tudo o que seja um bom acordo é preferível a uma situação de conflito, por todas as razões e pelos profissionais envolvidos”, sublinhou
“Não podemos continuar a lidar com este número de infeções, o sistema de saúde não aguenta este nível de infeções. Este é o ponto principal. A resistência dos profissionais de saúde e a resistência humana têm limites”, salientou.
Já depois da entrevista de Marta Temido, a agência Lusa avançou que fonte do Executivo confirmou o encerramento de todas as escolas e já a partir de sexta-feira. A decisão e anúncio é esperado esta quinta-feira ao final da manhã.