António Costa mantém que só se pronunciará sobre a Operação Marquês quando houver uma decisão transitada em julgado – mesmo que tal só chegue já depois de terminada a sua vida política ativa – e apontou a mira a Rui Rio pelas reações ao caso e declarações sobre o funcionamento da justiça. Numa entrevista ao DN, e questionado sobre o “elefante” na sala que tem sido para o PS o caso que envolve o ex-primeiro-ministro, Costa considerou que o PS fez o “correto”, lançando duras críticas ao PSD e a Rui Rio, que acusa de não ter princípios, de populismo e de ser pior que um cata-vento quando defende um pacto para a justiça. “Um cata-vento tem uma grande vantagem sobre o Dr. Rui Rio: é que um cata-vento ao menos tem pontos-cardeais, o Dr. Rui Rio não tem. O dr. Rui Rio diz coisas que não tem noção, presumo eu, do que está a dizer em matéria de justiça”, disse Costa, considerando ainda, na mesma linha, que mais “perigoso” do que o Chega é a contaminação do PSD pelas ideias do partido de André Ventura.
A reação de Rio surgiu logo pela manhã deste domingo no Twitter: “Numa entrevista de nível rasteiro, António Costa critica o meu discurso do 25/Abril e diz que o PSD quer atacar a independência do poder judicial. Diz isto, na semana em que o Parlamento Europeu o critica pela politização que fez na nomeação do procurador europeu. Que hipocrisia!”. A reação não se ficou pelo líder do PSD. “Se querem conhecer um exemplo perfeito de hipocrisia é ler a entrevista de António Costa ao DN/JN. Inacreditável”, escreveu também na rede social o deputado social-democrata Duarte Marques.
PSD encostado à direita? Bom para o PS Na mesma entrevista, e questionado sobre se as afirmações sobre o PSD significam que nesta legislatura nem pactos para justiça nem para outro tipo de reforma com este PSD, Costa não fechou portas mas responde que “há limites para tudo”. “Quer dizer, este PSD tem de saber o que quer ser. O PSD nem se quer se aproxima do PS para qualquer entendimento. O PSD afastou-se do Centro, desistiu de disputar o Centro com o PS e a única coisa que agora quer disputar é ali 2% a 3% com o Chega”, disse António Costa, considerando que do “ponto de vista tático para o PS se calhar até é bom que o PSD se encoste” à direita. “Quanto mais à direita se encostar, mais campo livre fica para que o Centro se sinta inclinado para o PS. Mas não acho que seja bom para a democracia que o PSD entre nesta deriva de namoro com o Chega”, afirmou.