O Presidente da República quer que o Governo cumpra a legislatura até ao fim e espera que o próximo Orçamento do Estado seja viabilizado pela esquerda.
Na primeira entrevista do segundo mandato, na RTP, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que «é fundamental que haja estabilidade» e não escondeu a convicção de que António Costa vai voltar a contar com o apoio dos comunistas no Orçamento para 2022. «Estou convencido de que o Orçamento passa com uma base de apoio similar ao último».
O último foi aprovado com os votos a favor do PS e a abstenção do PCP, PEV, PAN e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira. O Presidente da República admitiu a possibilidade de o Orçamento contar este ano com «uma base maior» de apoio numa referência ao Bloco de Esquerda que votou contra o Orçamento do Estado para 2021.
O Presidente deixou claro que o orçamento deve ser viabilizado com o apoio da esquerda, como tem acontecido desde que António Costa chegou ao poder, para dar espaço ao PSD para construir uma alternativa. «É fundamental a existência de uma alternativa política», alertou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a seguir às eleições autárquicas os partidos vão fazer um «balanço», nomeadamente o PSD (que vai realizar um congresso no próximo ano). Um resultado fraco pode custar a liderança a Rui Rio e Belém não ignora isso.
Marcelo considerou que esse congresso é «essencial» para definir quem é o candidato nas próximas eleições legislativas. «Se é o atual líder ou se ele não quer ou não pode, qual é a decisão dos militantes», acrescentou.
A remodelação do Governo, com o ministro da Administração Interna cada vez mais fragilizado, foi outro dos assuntos da entrevista. O Presidente da República lembrou que António Costa tem «manifestado várias vezes a sua confiança nos membros do Governo» e só ele pode tomar a decisão de refrescar o Governo. Avisou, porém, que o primeiro-ministro vai ser «avaliado politicamente» pelas escolhas que faz.
A entrevista começou pela polémica com a festa do Sporting. Marcelo poupou o ministro Eduardo Cabrita, mas não deixou de apontar «uma certa hesitação» e uma «excessiva leveza» na preparação desta festa.