Depois das comemorações do 10 de Junho terem sido canceladas no ano passado devido à covid – em que optou por uma “cerimónia simbólica” no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, apenas com os dois oradores e seis convidados –, este ano, o Presidente da República viajou até à Madeira, onde deixou alguns recados, mas também palavras de esperança para enfrentar a pandemia tão “dolorosa”. “Viver este 10 de Junho de 2021 no Funchal, na Madeira, é uma experiência singular. No meio do Atlântico, numa terra feita por tantas e tantos que aqui chegaram, viveram ou vivem desde há 600 anos. Onde tantos aqui regressam em busca do horizonte de vida que lhe faltou onde se fixaram. No fim, ou quase do fim de uma pandemia tão longa e dolorosa, isto é o 10 de Junho de 2021. Isto é o Funchal. Isto é a Madeira. Isto é Portugal”, disse Marcelo Rebelo de Sousa no início do seu discurso que durou ao todo cerca de 15 minutos.
Perante o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, e o presidente do Governo Regional da Madeira, o chefe de Estado defendeu que “é necessário agir em conjunto, com organização, transparência, eficácia, responsabilidade, resultados duradouros” e acrescentou: “Que tudo façamos para o conseguir”. E deixou ainda um apelo “à convergência para aproveitar recursos, recriar espírito novo de futuro para todos, e não uma chuva de benesses para alguns, que se veja com olhos de interesse coletivo e não com olhos de egoísmos pessoais ou de grupo”.
E, de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, “nestes quase dois anos em que a pandemia surgiu e tudo, ou quase tudo, suspendeu, adiou, atropelou, atingiu”, deixou uma mensagem de esperança aos portugueses: “Não serão as imensidades destes desafios que nos vão desviar do nosso futuro. Se desenganem os profetas da nossa decadência ou da nossa finitude. O mar exige mais de nós, [por isso] que o assumamos em palavras, mas também em obras. É necessário reforçar a nossa estratégia e liderança dos oceanos”.
No seu discurso abordou também a bazuca que Portugal irá receber e um alerta: “Não desperdiçarmos o acicate dos fundos que nos podem ajudar, evitando deles fazer, em pequeno e por curtos anos, o que fizemos tantas vezes na nossa história com o ouro, as especiarias, com a prata, mais perto de nós, com alguns dos dinheiros comunitários”.
Às Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma palavra de agradecimento. “Simbolizando todos eles, num dia que é de Portugal, que é das comunidades, mas que é também das Forças Armadas, homenageando – tal como o farei brevemente com as forças de segurança – hoje as Forças Armadas, os seus três ramos, Armada, Exército e Força Aérea, e quem conjugou um esforço comum, o Estado-Maior-General das Forças Armadas”, completou.
Antes de lhes atribuir as insígnias de membro honorário da Ordem Militar de Cristo, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas considerou que os militares “bem merecem” esta distinção, “pela intervenção que tiveram nos lares, com a emergência, pela preparação das escolas, pela garantia da vacinação em massa, por terem estado sempre quando, onde e como era imprescindível”.
Mais tarde foi a vez de deixar “uma palavra ainda mais forte e mais rendida e emocionada para com as mulheres e os homens que na saúde por todo o país salvaram vidas e velaram por pacientes”, o que levou a novo aplauso por parte da população concentrada na Avenida do Mar, no Funchal. E acrescentou: “Homenagear esses heróis, tenho repetido, não é apenas condecorar como eu fiz há um ano os primeiros no embate da pandemia, é condecorá-los a todos, recordando-os, agradecendo-lhes e continuando a proporcionar-lhes no futuro ainda mais recursos e condições para servirem a comunidade nacional que somos todos nós”.
E apontou a médica Carmo Caldeira, diretora do serviço de cirurgia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, que presidiu à comissão organizadora deste 10 de Junho, como representante de todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento de doentes com covid.