Em 1997 João Soares candidatou-se à Câmara Municipal de Lisboa – numa coligação do PS, PCP, PEV e UDP – com o slogan «Mais Lisboa». Passados 24 anos, Fernando Medina, também candidato socialista, avança com uma candidatura cujo slogan é exatamente o mesmo, letra por letra.
Em declarações ao Nascer do SOL, António Reis – membro da equipa de marketing da campanha de João Soares, cuja direção era encabeçada por Rosalina Machado – não se mostra minimamente melindrado pela questão. Começa por garantir que «Mais Lisboa não é um slogan» mas sim «uma conjugação de duas palavras a dar para o óbvio». Afirma não saber «quantas vezes terá sido usado», mas que «deve haver milhares de coisas destas». E desvaloriza, explicando não causar qualquer problema e garantindo que «neste tipo de coisas isso não existe». Bem-disposto, atira: «Não roubaram propriamente o Guerra e Paz».
Não obstante desvalorizar a cópia, António Reis é crítico ao slogan. Acha-o «fraquinho» e considera que o facto de «não haver grandes alterações» é prova de que «pouco se evoluiu quanto à forma como se comunica e se faz marketing político em Portugal». Apesar de salvaguardar que «um slogan não reduz uma campanha», considera que este «reflete a pobreza da nossa realidade».
Em 1997, João Soares bateu Ferreira do Amaral com 51% dos votos face aos 39% do seu adversário, que também ia a eleições numa coligação do PSD com o CDS.