O Presidente da República justificou, esta terça-feira, o facto de não haver luto nacional pela morte do militar de Abril Otelo Saraiva de Carvalho com a falta de precedente, ou seja também não houve para outros protagonistas da revolução.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas depois de ter passado pela capela da Academia Militar, em Lisboa, onde esta tarde decorre o velório de Otelo Saraiva de Carvalho, cujo figura voltou a classificar de “cimeira” da operação militar de 25 de abril de 1974, a par de outros nomes como Salgueiro Maia e Ernesto Melo Antunes, nomes que também destacou na mesma ocasião.
"Penso que pesou o facto de figuras que eu já referi, Salgueiro Maia, Melo Antunes, não terem merecido essa homenagem. Olhando para trás, é pena que não tenham merecido", afirmou o Presidente, fazendo questão de lembrar que é ao Governo que cabe ou não propor luto nacional.
"Na altura não ocorreu e, portanto, para não abrir um debate sobre vários nomes cimeiros, qual o mais cimeiro, penso que foi isso que levou o Governo a não dar o passo", acrescentou.
Marcelo, questionado sobre se o percurso polémico de Otelo Saraiva de Carvalho, condenado a 15 anos de prisão por associação terrorista e depois amnistiado, pesou na decisão de não decretar luto nacional, afastou a tese.
"Não. Isso é um juízo que a história fará. A história está cheia de personalidades que marcam momentos históricos e, no entanto, antes e depois, foram controversas e tiveram momentos em que suscitaram paixões e que suscitaram rejeições. Isso faz parte da história e nós, quando aceitamos a história, aceitamos como um todo. Agora, o facto é que Otelo Saraiva de Carvalho, no 25 de Abril e no momento do comando operacional do 25 de Abril teve um papel para a história, um papel cimeiro, um papel proeminente, é um facto que devemos todos respeitar, por um lado, e associar àquilo que foi 25 de Abril na viragem de uma ditadura para a liberdade e para a democracia", acrescentou.