A situação no Afeganistão, com foco na crise de refugiados que se adivinha foi im dos temas em cima da mesa, na reunião de ontem, dos 27 responsáveis pelos Assuntos Internos dos diferentes países da União Europeia. Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna, esteve presente em Bruxelas e este encontro não por acaso, decorreu no dia da retirada das tropas americanas do Afeganistão (sendo que os restantes aliados já haviam evacuado).
A presidência do Conselho da UE – que agora cabe à Eslovénia – notou que o objetivo da reunião foi “coordenar a posição da UE sobre como responder ao potencial impacto da crise [no Afeganistão] na situação migratória e de segurança na UE”, visando assim a obtenção de “uma abordagem concertada e comunicação coordenada”.
“O objetivo passa também por desenvolver um conjunto de medidas que ajudem a prevenir a repetição do cenário de 2015, quando os Estados-membros enfrentaram uma brutal pressão migratória” – disse Ales Rojs, ministro do interior esloveno, referindo-se à crise de refugiados oriundos da Síria.
Já Josep Borrell, alto representante dos Foreigns Affairs e Security Policy da União Europeia, disse ao jornal italiano Corriere dela Sera que a gestão da crise passará por uma cooperação reforçada e por uma ajuda financeira aos “países limítrofes” do Afeganistão, uma vez que “a capacidade de acolhimento da Europa tem limites” – uma situação que lembra os acordos que a EU fez com a Turquia há seis anos (em que a Turquia, beneficiando de três mil milhões de euros europeus, construiu um muro fronteiriço com a Síria).
Num esboço da declaração comum que circula pela presidência europeia eslovena, o Conselho prevê precisamente isso: ajudar os países vizinhos no acolhimento de refugiados, reconhecer a necessidade de os apoiar, fornecer proteção às pessoas que dela necessitarem e, a nível interno, harmonizar “as práticas nos Estados-membros” relativamente aos pedidos de asilo de afegãos.
Portugal já recebeu 86 refugiados No passado dia 18 – três dias depois da tomada de Cabul, dia em que houve uma videoconferência extraordinária dos ministros responsáveis pelos assuntos internos dos 27 -, o ministro Eduardo Cabrita notou que “Portugal tem tido sempre uma posição de participação ativa em processos quer de reinstalação, quer de recolocação”, argumentando ser importante “criar condições para que, antes de mais, não exista uma onda de refugiados ou de migrantes”.
Bastantes estados-membros da EU já se manifestaram disponíveis para receber afegãos. Portugal entra nestas contas: desde a tomada de Cabul que o país está a receber refugiados. No sábado, um conjunto de 36 terá aterrado a Lisboa. Ontem, comunicou a ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, outros 20 juntam-se a estas contas – o que perfaz um total de 86 refugiados afegãos recebidos por Portugal até à data de hoje.