Com as eleições autárquicas tão perto, voltou a entrar na agenda mediática a eventual sucessão de Rui Rio na liderança do PSD. Considero eventual porque o atual presidente do PSD tem dado sinais e demonstrações claras de que não está disposto a abandonar a cena política por muitas adversidades que tem enfrentado, umas no contexto da dificuldade em afirmar um projeto que o eleitorado percecione como alternativo ao governo e à maioria parlamentar que o apoia; outras em razão de erros próprios à frente dos social-democratas.
O caminho não tem sido fácil e antecipo maiores dificuldades depois das eleições. Eventuais derrotas nos grandes concelhos serão imputadas aos candidatos mas também aos partidos que os apoiam. Sendo umas eleições altamente personalizadas, não deixa de ser relevante o voto partidário. Vejamos o que vai acontecer em Lisboa.
No Porto, não restam dúvidas que Rui Moreira vai manter ou até reforçar a sua maioria não existindo, creio, qualquer penalização do caso judicial que o envolve.
Neste contexto, sentem-se as movimentações para que exista uma alternativa a Rui Rio em caso de um mau resultado do PSD.
Os nomes que estão em cima da mesa são os de Paulo Rangel, Luís Montenegro e Passos Coelho. Este último merece uma reflexão mais atenta considerando o seu passado político e pessoal. Antes de mais, merece um sentido respeito. A vida não lhe foi fácil nos últimos anos.
Compreendo o que terá vivido, o que vive perante circunstâncias da vida que só estão ao alcance da compreensão de alguns. A forma como enfrentou as tragédias que o marcaram reforçaram os traços de seriedade que se lhe reconhecem.
Do ponto de vista político, está por saber o que pensa o país real de um ex-primeiro-ministro que liderou o governo da troika com as dificuldades e a austeridade que os portugueses sentiram durante o período do resgate.
Avaliadas as duas situações, é bem possível que Passos Coelho tenha ainda uma palavra a dizer no espaço político. Se é essa a sua vontade, teremos de esperar para o saber.