O Porto vai a votos. A segunda autarquia mais importante do país – uma frase que os portuenses não adoram ler – irá, certamente, reeleger Rui Moreira. Apesar do caso Selminho ter rebentado há poucos meses, as estatísticas mostram que pouca ou nenhuma mossa o assunto causou nos apoiantes do atual Presidente da Câmara do Porto, que avança para o seu terceiro e último mandato. Independente, ‘Aqui há Porto’ é a sua marca identitária. É-a, aliás, desde 2013: alternando a dialética mas mantendo o sentido. Desde 2013 que, inspirado no ‘I Love New York’ e conturbado pela falta de ‘marca’ da sua cidade, procurava carimbá-la. Fê-lo internacionalmente. Já não se vê ‘Oporto’ ou ‘Port’. Vê-se ‘Porto’, que se tornou a chapa de uma capital cultural europeia. E da gentrificação, o que não arrecada muitos fãs (entre eles, Ana Gomes).
Os maiores adversários de Moreira aparecem fragilizados. Um talvez mais que outro. Comecemos por esse. Vladimiro Feliz, que foi vice-presidente de Rui Rio quando este dominava os Aliados, tentará levantar o resultado funesto (10,3%) do alaranjado Álvaro Almeida em 2017. Não parece estar no melhor caminho. Entre outros motivos – como uma comentada falta de carisma -, Feliz deu uma infeliz e grave calinada no debate Autárquico do Porto transmitido na SIC no Sábado: prometeu o regresso ao Porto de uma competição já extinta – a Red Bull Air Race.
E já que falamos de aviões e corridas, falemos de Eduardo Pinheiro, que deixou o PS a ver aviões no Miradouro das Virtudes. Pinheiro, atual Secretário de Estado da Mobilidade e autarca em Matosinhos, chegou a ser apresentado como o candidato pelo PS ao Porto. O nome era tão pouco sonante que Rio acusou o PS de, ao levar Eduardo, não estar a “ir a jogo”. “É evidente que há compromissos não frontais e não transparentes entre o PS e o atual presidente da Câmara do Porto”, dizia o líder do PSD. Não foi problema: passadas menos de 48 horas, a candidatura de Pinheiro caiu com estrondo.
Pouco depois, após confirmar-se a indisponibilidade de José Luís Carneiro, Tiago Barbosa Ribeiro – o principal crítico de Pinheiro – conquistou o lugar e foi apresentado como cabeça de lista à cidade. Apesar de jovem, é este o grande challenger de Moreira nas eleições do Porto. Barbosa Ribeiro, deputado do PS, é um dos principais quadros da ala – encabeçada por Pedro Nuno Santos – que faz oposição interna a António Costa (que neste Congresso esteve silenciosa).
Por estas razões, havia reticências quanto a colocá-lo como candidato ao Porto. Não obstante, tal acabou por acontecer.
É este o cenário autárquico da Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto, Apesar de interessante do ponto de vista político, certamente não passará de um ‘walk in the park’ para Rui Moreira. Candidatam-se ainda Sérgio Aires, pelo Bloco de Esquerda; Ilda Figueiredo, pela CDU; António Fonseca, pelo CHEA; Bebiana Cunha, pelo PAN; Bruno Rebelo, pelo Ergue-te!; Diamantino Raposinho, pelo LIVRE; André Eira, pelo VOLT e Diogo Araújo Dantas, pelo PPM.
Propostas
Construir e recuperar habitação
Ilda Figueiredo, candidata pela CDU, notando as “centenas de ilhas que ainda existem no Porto” propõe “recuperar habitação seja pública ou seja privada”.
Serviços de educação
Por o Porto “ter perdido 20% dos alunos entre o pré-escolar e o secundário nos últimos 8 anos”, Vladimiro Feliz quer criar “mais uma creche” em cada freguesia da cidade.
Comprar casas
António Fonseca, candidato pelo Chega, diz que, como solução para o problema da habitação no Porto, comprava “umas casas de imediato” e “reabilitava-as”.
Conselho municipal de habitação
Bebiane Cunha, deputada e candidata do PAN, quer criar um “Conselho Municipal de Habitação” que envolva “todos aqueles que na cidade participam e são voz ativa nas matérias de habitação, não esquecendo as “comissões
de moradores”.
Inverter perda de habitantes
Tiago Barbosa Ribeiro, candidato pelo PS, quer “inverter a perda de habitantes” e promete uma cidade onde “a classe média vai poder voltar a viver”. Para tal, promete um “plano para captar fundos do Plano de Recuperação e Resiliência para construção de nova habitação ao abrigo do 1.º Direito”.
Cluster da saúde
O Partido Volt Portugal, através de André Eira, quer criar um ‘cluster da saúde’ que promova sinergias entre investigadores, faculdades e hospitais. O objetivo é “criar todo um polo e um ‘cluster’ que traga maior investimento estrangeiro ao nível da saúde”.