Loures, a par de Sintra, é uma das principais pracetas que o Chega quer virar. Para tal, o partido securitário leva a sufrágio Bruno Nunes. Bruno, que era colega de Ventura na Assembleia Municipal de Loures (da qual, em 2018, um Ventura alaranjado zarpou para criar o Chega), promete “tornar Loures diferente” e retirá-la da condição de “um mero subúrbio”. Para tal, colocou como candidato a uma União de Freguesias um PSP, de seu nome Pedro Magrinho. Perante a situação, a PSP anunciou a abertura de um inquérito para averiguar as circunstâncias da candidatura. Passada uma semana, o agente foi, ironicamente, chamado a prestar declarações no Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. Além deste ping-pong entre Chega e PSP, nada formalmente viria a acontecer: segundo o Correio da Manhã, a lista onde consta o nome de Magrinho foi entregue e aceite no Tribunal de Loures. É esta, com direito a polícias e tribunais, o início da grande novela autárquica de Loures. Mas há mais.
Redes sociais como palco de guerra
Nestas autárquicas, as redes sociais são piso escorregadio. São bastantes os candidatos que, entre odes a Salazar e discurso anti-LGBT, nelas já escorregaram e partiram alguns ossos eleitorais. Loures não quis ficar fora de moda. Sandra Jesus, número dois da lista do PS à junta de freguesia de Loures, achou por bem ameaçar membros do PSD com “um par de estalos”, notando que o mesmo “não fazia nada de mal a muita garotagem que ainda aí a armar-se aos cágados”. A situação faz lembrar a do Seixal – em que um vereador comunista e um deputado socialista ameaçaram membros do PSD –, razão pela qual o PSD evidência que este tipo de comentários se tem vindo a tornar um “hábito dos socialistas”, conforme explicaram à Sábado. Já o PS Loures, à mesma fonte, garantiu que “os factos referenciados em nada vinculam a estrutura do Partido Socialista e da sua campanha, tratando-se de meras questões pessoais entre os intervenientes às quais o PS Loures não se revê”, deixando uma farpa que cheira a Seixal: “A criação e provocação de factos hipoteticamente polémicos por parte de outras candidaturas para contrariar a sua falta de expressão são estratégias nas quais o PS Loures é alheio, não se revê e se afasta explicitamente”.
Bastião comunista
Loures é, desde 2013, governada por Bernardino Soares. Soares, que foi dirigente da JCP até 1999 e deputado à Assembleia da República pelo PCP entre 1995-2013, tem apenas 49 anos e procura o seu último mandato. Em 2017, o PCP teve o seu pior resultado de sempre nas autárquicas, deixando fugir dez câmaras (das quais seis foram para mãos socialistas). Entre as que sobraram, está Loures, onde a vitória comunista foi pequena: 32,7% do PC face a 28,2% do PS. Quatro anos depois, chegados a 2021, veremos como se desembrulha a telenovela.
Além de Bernardino Soares, pelo PC, e de Bruno Nunes, pelo Chega, candidatar-se-ão ainda ao executivo de Loures Ricardo Leão, pelo PS; Filomena Francisco, pelo IL; Jorge Gomes dos Santos, pelo CDS-PP; João Resa, pelo MRPP; Fabian Figueiredo, pelo BE; Nélson Batista, pelo PSD e Soraya Ossman, pelo PAN.