O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou que a audição sobre o inquérito Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) aos festejos do Sporting, aquando da vitória do campeonato nacional de futebol, é “verdadeira da época passada” e que “prova o desespero do PSD”.
De sublinhar que o ministro foi ouvido na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a pedido dos sociais-democratas.
“É uma audição 'sui generis', que prova o desespero do PSD e a ausência de justificação para esta audição verdadeiramente da época passada", disse, frisando que “não compete à PSP” organizar o modelo de celebração e que a autoridade “fez aquilo que era adequado num quadro particularmente difícil”.
"A PSP não pode dizer que o 1.º de Maio não é na Alameda, é noutro sítio qualquer, ou que o Avante! não é no Seixal, é noutra localidade qualquer. Não é competência da PSP, mas também não é do Ministério da Administração Interna", sublinhou. No entanto, reconhece que “os festejos não correram bem”.
O ministro destacou também o papel da PSP ao garantir a segurança dos adeptos. “Foi feita uma operação de segurança que não teve os resultados dramáticos da morte que se realizou nos festejos do Atlético de Madrid, ou dos vários mortos nos festejos do campeonato de futebol, em Itália”, disse.
Sobre um possível aumento de casos de covid-19 relacionados com os festejos, Cabrita assegura: “Não resulta nenhuma correlação demonstrada entre este evento e aquilo que foi o crescimento a partir de junho/julho do número de novos casos relacionados com a variante Delta”.
Face às declarações, o deputado do PSD Duarte Marques afirmou que o ministro “lava as mãos como Pilatos” da culpa. "Fica a sensação de que o senhor ministro lava as mãos como Pilatos desta responsabilidade. O senhor ministro delegou na Câmara de Lisboa a decisão sobre os festejos do Sporting, o senhor ministro ignorou os avisos da PSP, o senhor ministro ignorou os avisos da DGS [Direção-Geral da Saúde] e preferiu deixar que a festa continuasse sem qualquer controlo", disse o deputado.
Sobre o despacho que dava ordem à PSP para planear uma operação de segurança mediante o que foi acordado com a Câmara de Lisboa e o Sporting, Cabrita sublinha que “o despacho está transcrito no relatório” e que se trata de “um despacho meramente interno transmitindo ao secretário de Estado”, recusando que o despacho tenha autorizado os festejos.
"Quanto a este coelho tirado da cartola a que o PSD desesperadamente se agarra, o despacho está transcrito no relatório, trata-se de um despacho meramente interno transmitindo ao secretário de Estado, não há nenhum outro despacho. Há aqui uma passagem de informação", afirmou Cabrita.
"Não vale a pena vir aqui como carpideiras vários meses depois (…) e pretender que a celebração da vitória de um clube que há 19 anos não era campeão nacional iria decorrer com a disciplina de uma peregrinação a Fátima ou celebração do 1º de maio organizada exemplarmente pela CGTP. Não é possível estamos a falar de dinâmicas sociais totalmente diferentes", acrescentou.