Seixal. Um dos ringues mais violentos

Os comunistas têm vindo a perder terreno para os socialistas no Seixal. Acontecerá no Seixal o mesmo que aconteceu em Almada? Ou quererão os seixalenses continuar a “comer arroz”?

O Seixal tem estado nos últimos meses na ponta da língua – e dos dedos – de quem tem seguido as eleições autárquicas de perto. Tal deve-se a uma estratégia levada a cabo pelo PSD Seixal, que os próprios intitulam como “marketing de guerrilha”. Contudo, essa estratégia não passará certamente de espuma mediática autárquica. 2021 será o ano em que algo mais importante poderá estar para acontecer pelo Seixal: ao fim de décadas sob égide comunista, o Seixal pode vir a ser a ‘Almada 2’ e cair, finalmente, para a mão dos socialistas.

O Seixal é historicamente – desde 1976, sem interregnos – governado pelo PCP. Tal como o PCP Almada em 2017, o PCP Seixal também está há três eleições autárquicas seguidas sem aumentar os seus votantes. O PCP Almada, aliás, antes de cair, até teve uma microscópica subida de 2009 para 2013 (de 38,6% para 38,7%), razão pela qual o seu cenário até parecia mais estável. Já o PCP Seixal, que em 2009 tinha 47,8% dos votos, em 2017 já só obteve 36,5%. Tudo isto, claro está, acompanhado por uma subida paralela do PS Seixal, que de 2009 para 2017 subiu mais ou menos a percentagem – de 22,4% para 31,4% – que o PCP desceu nos mesmos anos. Coincidências? Não, parte significativa do eleitorado do Seixal migrou, de facto, para o PS. As próximas eleições autárquicas serão, por isso, a ‘prova dos 9’ dos dois partidos de esquerda. Conseguirá o PS repetir a proeza de Almada e ‘roubar’ a autarquia do Seixal ao PCP? Não será fácil. Isto porque o candidato da CDU, Joaquim Santos, recandidata-se ao terceiro e último mandato (uma situação, como se sabe, beneficiadora). Para tentar impedir esta vitória encarnada, o PS aposta em Eduardo Rodrigues.

UM PSD DESTEMIDO À LUTA – e sobretudo com vontade de lutar – também se lança Bruno Vasconcelos, candidato do PSD Seixal. Este dinamizou uma campanha frontal, identificando o inimigo no Partido Comunista – “fuja do comunismo e tenha uma vida de ouro” – e procurando uma comunicação direta com os seixalenses. Entre cartazes de Mao acompanhados da descrição “Depois de 45 anos a comer arroz, vais votar nos mesmos de sempre?”, missões em que substituiu placas toponímicas “de esquerda” com o “objetivo de limpar o Comunismo do Seixal” – e que valeram ameaças de vereadores e deputados – até à realização de um ‘Avante Sombra’ (entretanto cancelado) que pretendia dar a conhecer “as atrocidades do comunismo”, o PSD Seixal deixou uma marca firme, embora agridoce, na campanha para as autárquicas 2021.

Restantes candidatos São ainda candidatos António Sota Martins, pelo PAN; Filipe Damasceno, numa coligação CDS-PP/PDR/Aliança/MPT; Francisco Morais, pelo BE; Rui Magalhães, pelo Iniciativa Liberal e Henrique Freire, pelo Chega.

Propostas 

Criação de espaços verdes
O candidato do PSD ao Seixal, Bruno Vasconcelos, quer criar um “parque natural de larga extensão na Verdizela”, onde pretende plantar “uma árvore por cada nascimento registado no concelho, batizando a árvore com o nome da criança”, como pode ler-se na página de Facebook da concelhia social-democrata

Novo hospital e centros de saúde
O Bloco de Esquerda defende a construção “urgente” do Hospital do Seixal, bem como de novos centros de saúde e unidades de saúde familiar. Na área da saúde, os bloquistas querem mais profissionais do setor, e a garantia de enfermeiros e médicos de família para todos os munícipes

A cidade dos 15 minutos
O PAN quer criar o projeto da “Cidade dos 15 minutos” para o Seixal. “Trata-se de um modelo de desenvolvimento urbanístico que diversas cidades da Europa, designadamente Paris, estão a tentar pôr em prática”, explicou o candidato do partido ao jornal regional O Setubalense. O objetivo é que “o cidadão consiga, a pé ou de bicicleta, ter resposta rápida e a curta distância para suas necessidades mais prementes, sejam elas no domínio do trabalho, saúde, educação, cultura ou lazer”

Chega com quatro bandeiras
“Compromisso com a transparência” é o lema do Chega Seixal, liderado por Henrique Freire, que tem quatro bandeiras principais: na educação, “apoiar os jovens no seu desenvolvimento pleno”, na saúde “pugnar por um serviço capaz de dar resposta”, na segurança “assistir às dificuldades das forças de segurança” e, na economia, “incentivar e desburocratizar o empreendedorismo”