Rui Rio, a reboque de Carlos Moedas, assumiu-se como um dos vencedores destas eleições autárquicas. E se, há duas semanas, se achavam frágeis as condições para a sua continuidade na São Caetano, depois de domingo ganhou novo fôlego. Com vitórias em Barcelos, Funchal, Portalegre, Coimbra ou Lisboa, Rio não apenas se revalidou como recandidato ao PSD, como se colocou na pole position na grelha de partida.
E os seus principais adversários internos recolheram às boxes, aguardando por melhor oportunidade. Casos de Paulo Rangel, Miguel Pinto Luz ou Jorge Moreira da Silva.
Rui Rio, durante esta semana, já deu o primeiro tiro de partida para a corrida à liderança do PSD, marcando o Conselho Nacional. Enquanto Rangel escrevia no Público ser a altura de colocar os «pés na terra» e, «saudavelmente», «celebrar este momento político», rejeitando, por ora, qualquer confronto: «Não é, pois, ainda o tempo da chamada clarificação interna nem do debate interno.
Como bem disse o presidente do PSD, estamos ainda no perímetro do ciclo autárquico, das suas implicações e repercussões. A seu tempo, virá o ciclo eleitoral normal do PSD. E, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades». Rangel mete, então, a viola no saco, pelo menos até dia 14 de outubro, data do Conselho Nacional em que serão agendadas as eleições internas. Mas já se percebeu que irá mesmo a jogo.
Por outro lado, Rui Rio, aproveitando o balanço das eleições autárquicas, quer que as diretas no partido aconteçam o mais rápidamente possível.
Por quatro razões essenciais: em primeiro lugar, pretende granjear do momentum que conquistou nas autárquicas – quanto mais cedo forem, mais aura de vitória paira sobre si –; em segundo lugar, quer dar a menor margem de manobra aos seus adversários – quanto mais cedo forem, menos tempo têm estes para arregimentar tropas –; em terceiro lugar, caso a campanha interna se dê em novembro, esta coincidirá com as tomadas de posse dos seus autarcas vencedores – puxando-a para este mês, Rio relembrará os seus militantes de que fora o grande vencedor das eleições –; em quarto lugar, porque quanto mais tempo se debate internamente, mais isso prejudica a imagem do partido – se é para ir à chapa vai-se à chapa, mas vai-se o mais rapidamente possível para não se prejudicar o partido e para depois unir-se forças o mais rapidamente possível.
Por estas razões, Rio pretende marcar as diretas ainda para antes do Natal. Se são precisos pelo menos 60 dias entre o Conselho Nacional e as diretas, e considerando que o primeiro realizar-se-á a 14 de outubro, tudo indica que as diretas do PSD poderão ser entre 14 e 23 de dezembro.
Rangel e Moreira da Silva na grelha de partida
Fontes do PSD garantem ao Nascer do SOL que, à corrida, não faltarão pelo menos três concorrentes: o incumbente Rio e os candidatos Paulo Rangel e Jorge Moreira da Silva.
Rangel conta, aliás, com o apoio à sua candidatura de Miguel Pinto Luz, que em 2020, contra Rio e Montenegro, recolheu 9,5% dos votos. Esta ‘coligação’ entre Rangel e Pinto Luz foi, aliás, esta semana, exposta por Carlos Carreiras, recém-eleito presidente da Câmara de Cascais por uma coligação liderada pelo PSD. À TVI24, Carreiras dizia haver «um bom entendimento» entre Rangel e Pinto Luz, algo que traduzir-se-ia num «grande reforço» para a candidatura do primeiro.
Já a ala passista – eventualmente também aqui e acolá através de Rangel – estará, sobretudo, representada na pessoa de Moreira da Silva. Acredita-se que o antigo ministro de Pedro Passos Coelho também anunciará a sua candidatura no Conselho Nacional de dia 14 (embora não sendo conselheiro).
Ao Nascer do SOL, um alto quadro do PSD explica que Moreira da Silva sente esta ser «a sua oportunidade». «Sempre foi visto como tendo o legado do Passimo: o menino protegido do Passos, com ótimas relações com Marcelo. Faz as pontes com muita gente. A plataforma dele dá-lhe bastante notoriedade geográfica. Se ele puser essa plataforma e esses nomes à frente da candidatura conseguirá bom resultado».
Note-se, ainda, que recentemente Moreira da Silva apresentou um livro programático para o país, contando com presenças de Passos Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa, Cavaco Silva ou Paulo Portas na apresentação. Para esta fonte, uma boa candidatura de Moreira e a boa prestação de Rio nas autárquicas deixa «Rangel meio estrangulado», notando o claro: «Quanto mais adversários tiver Rio, mais beneficiado sai».
A 1ª nomeação de Moedas
Carlos Moedas já decidiu quem será a primeira pessoa que nomeará após tomar posse como presidente da Câmara de Lisboa: o Nascer do SOL confirmou que é António Valle, o homem que o acompanhou de manhã à noite desde que anunciou a sua candidatura autárquica e que ocupará o lugar de chefe de gabinete do presidente da CML.
Recorde-se que António Valle foi também o primeiro nome mencionado por Moedas no seu discurso na noite eleitoral de domingo, no agradecimento à equipa que o acompanhou de início ao fim da campanha. António Valle foi assessor de Pedro Passos Coelho e integrou também os gabinetes de Miguel Relvas e de Miguel Frasquilho.