Continua viva e de saúde a troca de galhardetes entre Paulo Rangel e Rui Rio. Se na segunda-feira o atual presidente aproveitou o feriado para enviar um email aos militantes a apelar que “refletissem” acerca do possível adiamento das diretas para depois das legislativas, já ontem Rangel respondeu com um outro a realçar a importância de manterem-se as diretas na data marcada.
Nas palavras de Rangel, as eleições internas do PSD são vitais para assegurar a legitimidade daquele que será “o candidato a primeiro-ministro”. Para o eurodeputado, só assim o partido se poderá apresentar às eleições em “plena força” – ou seja, o oposto do que Rio defendeu na segunda-feira. Ademais, numa curiosa frase, nota não ser preciso “suspender a democracia” para atingir um bom resultado: “Não precisamos de ‘suspender’ a democracia para ganharmos as legislativas. Precisamos antes que o novo líder do PSD esteja legitimado pelos militantes e com o mandato para disputar de igual para igual e em plena força as eleições gerais, tornando-se no chefe do Governo do nosso país”. Rangel considera, ainda, tratar-se de “um momento histórico” pois “os militantes do PSD têm na sua mão o poder de, ao mesmo tempo que elegem o seu líder, escolher o próximo primeiro-ministro de Portugal”.
E por que deverá ser ele o escolhido para tal posição? Segundo explica aos militantes no dito e-mail, a sua candidatura é a “única que reúne todas as condições para unir o PSD, [para o] fazer crescer, [e para o] fazer vencer nas próximas legislativas”. União essa que é imprescindível para a dita missão pois, a seu ver, só através de “um partido unido” poderão alcançar a sua “vocação maioritária”.
Ainda na carta, Paulo Rangel cimenta que o seu projeto passa por “liderar todo o espaço não socialista”, garantindo recusar “quaisquer acordos com a Direita radical [Chega]” ou um “bloco central de partidos e interesses”. Colocando o ónus da culpa das eleições antecipadas em António Costa, Rangel nota ser este o tempo de colocar todas as “atenções” no PSD. “Vamos romper com os erros dos governos socialistas, que nos condenaram a 20 anos de estagnação, arrastando-nos para a cauda da Europa”, afirma. Por fim, destaca a “mobilidade social” como sendo a sua principal prioridade para os portugueses: “chegou o tempo de o país sair deste declínio e dar de novo a cada português a oportunidade de ‘subir na vida’”.