A novela do Caldas continua. O tempo passa e parece que os episódios se repetem. Rodrigues dos Santos, em entrevista ao Observador, rejeita ter medo de Melo – «Mas que medo é que tenho? Tive formação militar. Entrei no Colégio Militar aos dez anos. Desde pequenino que aprendi a lidar com exigência e responsabilidade. Mas tenho medo de alguma coisa? (…) Tenho medo de quem? De Nuno Melo? Por amor de Deus». O trecho da entrevista em que Rodrigues dos Santos proferiu tais frases circulou furiosamente pelas redes sociais, tendo sido feitos vários memes a gozar com o presidente do CDS. Melo, por sua vez, voltou a recorrer ao Facebook para criticar o adiamento do Congresso e a decisão de Rodrigues dos Santos. Já há, aliás, quem chame a estas publicações de Nuno Melo no Facebook a «irritação do dia». Irritado ou não, a verdade é que, esta semana, Melo abriu publicamente espaço para dois compromissos com o rival: «O de evitar ataques de natureza pessoal» e o de o vencedor do congresso «fazer um esforço de integração em relação aos que não venceram».
Apesar do despique ser travado pelo atual dirigente e pelo seu desafiador, as atenções dos centristas, nesta semana, centraram-se num antigo dirigente: Manuel Monteiro. O ‘Conservador do Minho’, que procura não se entregar muito aos holofotes, falou ao país duas vezes esta semana, tendo a sua mensagem sido elogiada pelos dois lados do conflito. «Sóbrio» e «adulto» – segundo militantes nas redes sociais –, Monteiro, procurando não se envolver neste ambiente «muito tenso», explicou compreender o lado de Rodrigues dos Santos e respeitar a posição de Melo. Não obstante, em entrevista ao Público, foi direto quanto às suas escolhas: se fosse ele, no lugar de Rodrigues dos Santos «já teria marcado eleições». Propôs, aliás, algo mais estrutural – «convidar para uma conversa todos os ex-líderes do partido» –, fazendo uma leitura cirúrgica sobre a atualidade do partido: «Se o CDS não se souber libertar de si próprio e da sua circunstância atual, pode passar por um momento extraordinariamente difícil da sua vida».
Assim, com a distância necessária, Manuel Monteiro tentou colocar alguma água fria na fervura que tem deixado o Caldas a arder lume bem vivo.