Ninguém cede na reta final para as diretas

Com os cadernos eleitorais quase fechados, as duas candidaturas dizem-se confiantes. Rangel faz campanha mais convencional enquanto Rio aposta em call centers.

Os cadernos eleitorais para as eleições internas do PSD do próximo sábado estão praticamente fechados. Ao Nascer do SOL, ambas as campanhas reclamaram vantagem para o sufrágio. Feitas as contas, estão elegíveis para votar 46.029 militantes. Considerando que o prazo para reclamações termina na próxima segunda-feira, prevê-se que este número pouco se altere.

A partir desse dia, quem tiver as quotas do partido em dia poderá votar, sendo que, no caso oposto, não poderão. É uma subida de elegíveis na ordem dos 6 mil face às últimas diretas, em 2020, nas quais havia 40.628 militantes com poder de voto e votaram 32.582. Atualmente, a distrital do Porto concentra 17% dos militantes elegíveis, Braga 13,8%, A.M. Lisboa 12,9%, Aveiro 9,7% e a Madeira cerca de 6%. Estão, então, lançados os dados para a corrida à São Caetano à Lapa.

E os candidatos lançam as suas últimas cartadas. Ao passo que Paulo Rangel vai fazendo uma campanha interna convencional, a campanha de Rui Rio divide-se em duas estratégias: por um lado, procurando marcar a agenda através da Comunicação Social, por outro, intensificando o contacto com os militantes através da utilização de call centers locais.

Ao que o Nascer do SOL apurou, Rio conta com uma rede de voluntários que montaram calls centers concelhios de distritais para telefonarem a militantes no sentido de angariarem apoiantes e ajudarem-nos na deslocação às assembleias de voto. Já Paulo Rangel aposta tudo no contacto direto do próprio candidato com os militantes do partido.

No início desta semana, a direção do PSD aprovou um cronograma que definia que o «líder eleito» seria responsável por escolher os cabeças-de-lista às legislativas, estando o restante corpo das listas a cargo da atual direção. Ora, sendo que a atual direção é encabeçada por Rio, quereria isto dizer que, de acordo com esse cronograma, mesmo Rangel vencendo as eleições a 27, este só poderia escolher os cabeças-de-lista e não as listas na sua completude.

A direção de Rio defende-se com estatutos e prazos, já a campanha de Rangel desvaloriza e fala em bluff. O Nascer do SOL contactou várias fontes próximas de Rangel, retirando daí uma ideia unânime: Rio faz isto para galvanizar apoios e confundir as estruturas locais. Estas fontes, aliás, corroboram unanimemente que, ganhando Rangel a 27, Rio entregará o partido – incluindo composição das listas – ao eurodeputado.

«O líder é eleito a 27 e a partir daí está em funções. No dia 28, se o Rio perder, o Rangel manda em tudo, incluindo as listas», dizem-nos. Para esta fonte, a estratégia de Rio não é mais do que uma granada de distração para os jornalistas e de atração para as estruturas: «Isto é apenas para criar a ideia de que ele irá mandar, não terá qualquer adesão. É um truque».

Truque esse que, segundo fonte da campanha de Rangel, não está a funcionar. «Não funciona. Não há gente a saltar da estrutura do Rangel para a do Rio. Isto é só para criar confusão e guerrilha». Ademais, se Rangel for eleito a 27 de novembro, esta fonte garante que o eurodeputado terá «cerca de 23 dias para entrega das listas», ou seja, «mais do que tempo para fazer as listas ou preparar o programa do governo». «Já houve processos em menos dias, como o de Manuela Ferreira Leite», acrescenta. A questão, conclui, é a «legitimidade».