O secretário-geral do PS alertou para a crescente influência da extrema-direita junto de partidos tradicionais, aproveitando para destacar que a diversidade existente entre os membros do seu Governo foi recebida com normalidade pela sociedade portuguesa.
“Eu não compus o Governo para que o Governo fosse diverso. Agora, de facto, compus o Governo garantindo que a diversidade não era um fator de exclusão. Praticamente não se deu por isso, mas a verdade é que, pela primeira vez na nossa História, tivemos uma ministra negra”, declarou o líder socialista.
António Costa afirmou ainda que o seu Executivo terá sido também o primeiro com uma pessoa de etnia cigana e com uma pessoa invisual. “Tudo isto aconteceu sem que a sociedade praticamente tivesse dado conta disso”, realçou, acrescentando “que a cultura de exclusão que alguns querem alimentar já não tem efetivamente adesão na sociedade portuguesa”.
O líder do PS censurou a crescente presença de posições “que têm na sua raiz um desrespeito pelo valor fundamental da dignidade da pessoa humana e da igualdade”.
“Esses movimentos de extrema-direita, o maior perigo que representam é quando conseguem condicionar os partidos tradicionais, os chamados partidos do sistema”, afirmou, aludindo indiretamente ao PSD.
Na ótica de António Costa, esses partidos quando “começam a mitigar e a normalizar propostas com uma raiz profundamente não igualitária e de desrespeito da dignidade da pessoa humana, abrem uma brecha que não se sabe se irá desenvolver”.
“Quando se começa a achar que a prisão perpétua pode não ser bem uma prisão perpétua, é o primeiro passo para começar a achar que o racismo não é bem racismo, que a xenofobia não é bem xenofobia e que a desigualdade de género não é bem a desigualdade de género”, deu como exemplo.
Frisou também que “há valores que não são relativizáveis, não são mitigáveis, não são normalizáveis”, sendo mesmo “valores absolutos”.