Segunda-feira foi dia de campanha por todo o país, e António Costa arrancou a manhã em Lisboa, onde, aliás, se encontrava a maioria dos principais líderes partidários, já que foi também dia de debate televisivo.
Durante uma ação no Teatro Thalia, o primeiro-ministro não hesitou em atirar farpas ao PSD, e recuperou um tema que causou polémica durante os primeiros debates que marcaram este mês: a prisão perpétua.
“Temos assistido, até em Portugal, a uma crescente presença de posições que têm na sua raiz um desrespeito pelo valor fundamental da dignidade da pessoa humana e da igualdade. Esses movimentos da extrema-direita, o maior perigo que representam é quando conseguem condicionar os partidos tradicionais, democráticos e do centro”, atacou António Costa. “Quando começam a mitigar e a querer normalizar as propostas com uma raiz desigualitária e de desrespeito pela dignidade da pessoa humana, começamos a abrir uma brecha, que não se sabe como vai desenvolver-se”, concluiu.
Estava lançada a farpa e, para aqueles que talvez estivessem mais distraídos, o primeiro-ministro esclareceu a quem se dirigia: “Quando se começa a achar que a prisão perpétua pode não ser bem uma prisão perpétua, é o primeiro passo para se achar que o racismo não é bem racismo e a xenofobia não é bem xenofobia.”
Uma alusão clara à discussão em torno da prisão perpétua que Rui Rio manteve com André Ventura, líder do Chega, durante o debate televisivo entre ambos, e que, já na altura, mereceu uma crítica de António Costa.
Rio não deixou passar em branco a acusação e, através do Twitter, respondeu a Costa: “Em lugar de falar das suas propostas, o PS insiste em inventar o que o PSD nunca disse e em deturpar o que propomos”, escreveu, num dia em que se encontrava também a fazer campanha em Lisboa, horas antes de participar no debate televisivo que juntou os nove líderes partidários com assento parlamentar.
“Hoje voltaram com a narrativa da prisão perpétua. Estão a conduzir a campanha para um patamar muito baixo, tentando normalizar a lógica politiqueira da mentira”, concluiu ainda o líder do PSD. Na mesma arruada, na Avenida da Igreja, Rio acusou o PS de querer ‘amedrontar’ os portugueses. “Hoje recuperou a ladainha da prisão perpétua, se for assim vai ficar naturalmente a falar sozinho”, augurou.
vídeo polémico Recorde-se que, na altura do debate entre Rio e Ventura, em reação, António Costa lançou um vídeo a criticar a posição tomada pelo líder do PSD. “Os valores do humanismo que inspiram a nossa sociedade não são transacionáveis”, dizia o líder socialista, argumentando que “em circunstância alguma podemos ceder nos princípios ou nos valores”. Mais, Costa explicou que “o combate ao populismo exige linhas vermelhas inultrapassáveis”, depois de acusar Rio de ter admitido, “por conveniência”, ou por “necessidade eleitoral”, considerar “as diferentes modalidades para restabelecer a pena de prisão perpétua” em Portugal.