Numa entrevista ao jornal i, Ascenso Simões, deputado do Partido Socialista que irá agora abandonar o Parlamento, deixou críticas afiadas a Rui Rio e à Direita. Sobre este, notou não ter um “programa de governo” mas sim um de “contabilista”. Sobre esta, notou ser “autofágica” e sem “líderes, programa ou futuro”.
Afirmou ainda que Rio está desatualizado, não vendo dele “nada de hoje”. Por outro lado, em António Costa, vê “coisas do passado e coisas do futuro”, algo que não anula que o facto da sua “permanente” inquietude possa “criar problemas à governação”.
Uma inquietude que é também sua e que se comprova ao longo da entrevista: em que lamenta a falta de intelectuais públicos em Portugal, recorrendo a Pulido Valente ou Cunha Rego para lembrar quando havia. Quanto às suas conhecidas provocações – como sugerir a demolição do Padrão dos Descobrimentos, penar não ter havido mortos no 25 de abril ou comparar Rio a um membro das elites das SS -, desabafa-as como meras expressões “simbólicas”, notando não haver política “sem provocação” ou ideias sem “alfinetadas”.
Traz, ainda, provocações fresquinhas: apresentou a “fome” como um “conceito” que só surgiu com a industrialização e afirmou que a “máquina já ultrapassou o homem”. Ainda, afirmou não compreender a razão pela qual o CDS-PP arregimenta o voto em questões de consciência, revelando que lhe trazia algum desconforto alguém como Mesquita Nunes votar como votava.