As chocantes imagens de centenas de cadáveres enterrados em valas, na cidade ucraniana de Bucha, não deixaram a comunidade internacional sem reação, com diversos líderes políticos, como o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a pedir que o líder do Kremlin, Vladimir Putin, seja julgado por crimes de guerra.
“Todos viram o que aconteceu em Bucha”, disse Biden, que voltou a acusar o seu homologo russo de ser um criminoso de guerra, revelando ainda que irá continuar a implementar novas sanções à Rússia.
“Precisamos de continuar a fornecer as armas necessárias à Ucrânia para continuar a lutar e precisamos de reunir todos os detalhes para que possamos avançar com um julgamento por crimes de guerra”, disse o Presidente dos Estados Unidos, citado pela Associated Press.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, reforçou a sua posição e expressou que iria apoiar a proibição de importação de gás e petróleo russo como parte do novo pacote de sanções ao Kremlin. “O que aconteceu em Bucha exige uma nova rodada de sanções e medidas muito claras”, disse o Presidente francês à rádio France Inter, acrescentando que existiam “provar muito claras de crimes de guerra”.
Numa altura em que se prepara para disputar novas eleições esta semana, Macron afirmou que, juntamente com os parceiros da União Europeia, “especialmente com a Alemanha”, cita o Al Jazeera, irá ser coordenar nos próximos dias novos bloqueios e sanções contra a Rússia.
Até ao momento, a Alemanha rejeitou a possibilidade de um embargo total às importações de gás, petróleo ou carvão russos, apesar da forte pressão de parceiros como a Polónia ou os países bálticos, para dar esse passo.
Contudo, o Governo da Alemanha anunciou através de um comunicado que decidiu expulsar 40 diplomatas russos da embaixada de Berlim, declarando-os como “persona non grata”.
Segundo o documento, os diplomatas russos eram acusados de serem pessoas que “trabalham dia a dia contra a nossa liberdade e contra a nossa coesão social”, representando um regime de “incrível brutalidade”, algo comprovado pelas imagens de crimes de guerra cometidos em Busha.
“Tememos que imagens semelhantes tenham sido captadas noutras cidades ocupadas por tropas russas”, podia ainda ler-se no comunicado, que acrescentava ainda que o trabalho destes diplomatas era “uma ameaça para quem procura proteção”.
Viagem de Zelensky O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deslocou-se até Bucha, esta segunda-feira, de forma a observar com os seus próprios olhos os estragos e crimes cometidos pelo exército russo nesta cidade, tendo acusado estas forças armadas de terem cometido um “massacre” contra a população.
“Todos os dias, quando os nossos combatentes entram e reconquistam territórios, tal como foi o caso de Bucha, conseguimos observar o que está a acontecer”, disse Zelensky, que, através de imagens divulgados por diversos meios de comunicação, se encontrava visivelmente emocionado.
“É muito importante que a imprensa, os jornalistas internacionais estejam aqui. Temos de ser capazes de mostrar ao mundo o que aconteceu, o que as forças russas fizeram”, apelou o Presidente, voltando a mencionar que o que aconteceu em Bucha se tratou de um genocídio.
“Vamos fazer com que os responsáveis sejam punidos. Todos os dias encontramos casos como este e isso é genocídio”, afirmou.
Este domingo, depois do exército ucraniano reconquistar a cidade de Bucha, foram descobertos centenas de corpos enterrados em valas e com cadáveres deixados na rua de mãos atadas. A cidade estava sob domínio russo e apenas há poucos dias as tropas ucranianas conseguiram entrar. Pouco depois desta descoberta, o Presidente ucraniano afirmou que estes crimes se tratavam de genocídio.
“Isto é genocídio. A eliminação de toda a nação e do povo”, disse Zelensky, acrescentando ainda ao programa Face the Nation, da CBS. “Somos cidadãos da Ucrânia. Temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se da destruição e extermínio de todas essas nacionalidades”.
Face a estas acusações e críticas, a Rússia afirmou que não foram os autores dos crimes cometidos em Bucha.
“Todas as fotografias e todos os vídeos publicados pelo regime de Kiev, que alegadamente atestam algum tipo de “crime” por militares russos na cidade de Busha, são outra provocação”, escreveram os militares no Telegram.
Autarca e família executados A autarca da vila de Motyzhyn, Olga Sukhenko, foi “executada” a tiro nos arredores de Kyiv, juntamente com o marido e o filho. A notícia foi avançada pela agência Reuters, que cita o conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia.
Anton Herashchnko afirmou que estavam ocupantes russos na vila e que “torturaram e assassinaram toda a família da autarca”, tendo os corpos sido enterrados numa floresta da vila.
Também a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshcuk, confirmou em conferência de imprensa que a autarca tinha sido executado mas não adiantou dados sobre a família.
Vereshchuk adiantou que “onze responsáveis por comunidades locais nas regiões de Kiev, Kherson, Kharkiv, Zaporizhzhia, Mykolaiv e Donetsk encontram-se detidos” pelas tropas russas.