Novas sanções a caminho. CE quer proibir carvão russo e expulsar quatro bancos do mercado europeu

Para Ursula Von der Leyen, as “atrocidades” cometidas pelos russos na Ucrânia “não podem e não serão deixadas sem resposta”. E por isso, a Comissão desenhou mais um leque de sanções que irão danificar pesadamente o Kremlin. Basta apenas a luz verde dos Estados-membros da UE. 

Mais um leque de sanções proposto pela Comissão Europeia (CE), que está a investir em impactos que poderão danificar pesadamente a economia da Rússia. Agora a CE quer proibir a União Europeia (UE) de importar carvão russo, um negócio que vale Vladimir Putin quatro mil milhões de euros por ano aos cofres do Kremlin, e ainda a expulsão de quatro bancos russos do mercado financeiro europeu.

O novo pacote de sanções proposto pelo executivo comunitário foi anunciado, esta terça-feira, pela sua líder, Ursula Von der Leyen, que notou querer aplicar medidas “mais amplas e severas” na economia russa, principalmente depois das alegadas execuções de civis cometidas pelas tropas russas, como em Bucha e noutras cidades ucranianas.

Para Von der Leyen, "estas atrocidades não podem e não serão deixadas sem resposta". "É importante manter a máxima pressão sobre (o Presidente russo Vladimir) Putin e o governo russo neste ponto crítico", acentuou a presidente da CE.

"Os quatro pacotes de sanções [anteriormente adotados pela UE] atingiram duramente e limitaram as opções políticas e económicas do Kremlin. Estamos a ver resultados tangíveis, mas claramente, tendo em conta os acontecimentos, precisamos de aumentar ainda mais a nossa pressão e, por isso, hoje, propomos dar mais um passo nas nossas sanções", assinalou Von der Leyen.

Desta forma, as novas sanções visam "uma proibição de importação de carvão proveniente da Rússia, no valor de quatro mil milhões de euros por ano", a fim de "cortar outra importante fonte de receitas para a Rússia". Sublinhe-se que estas medidas têm de receber a luz verde dos Estados-membros da UE.

No que diz respeito a matérias fósseis, a UE importa 45% de gás a Rússia, bem como compra este país 25% do seu petróleo e 45% de carvão.

Esta será a primeira grande medida a visar diretamente um dos combustíveis fósseis russos, no entanto, a líder da CE revelou que o grupo comunitário está a "trabalhar em sanções adicionais, incluindo sobre importações de petróleo, e a refletir sobre algumas das ideias apresentadas pelos Estados-membros, tais como impostos ou canais de pagamento específicos, tais como uma conta caucionada".

Quanto aos bancos – setor que tem sido muito implicado nas sanções – a Comissão quer agora "uma proibição total de transações em quatro bancos-chave russos entre eles o VTB, o segundo maior banco russo", instituições que representam 23% do setor bancário da Rússia.

Segundo a presidente da instituição, o objetivo é "enfraquecer ainda mais o sistema financeiro russo". Recorde-se que a UE já excluiu sete grandes bancos russos do sistema de internacional de comunicações bancárias SWIFT, num anterior pacote de sanções.

Além disso, ainda sobre as importações, este pacote de sanções proposto também refere “novas proibições específicas” em produtos diversos como a madeira, cimento, frutos do mar e licor. Limitar estas importações significa um corte na margem de lucro num valor de 5,5 mil milhões de euros para a Rússia, de forma a "cortar o fluxo de dinheiro da Rússia e dos seus oligarcas", explicou Von der Leyen.

Também serão aplicadas medidas sancionatórias como a proibição de acesso aos portos da UE pelos navios russos e operados pela Rússia, aos operadores de transporte rodoviário russos e bielorrussos, bem como "mais proibições de exportação específicas, no valor de 10 mil milhões de euros, em áreas em que a Rússia é vulnerável", como computadores quânticos, semicondutores avançados, maquinaria e equipamento de transporte sensível.

Ao mesmo tempo, está previsto que a lista de nomes sancionados será aumentada, assim com uma será decretada uma proibição geral na UE de participação de empresas russas em concursos públicos nos Estados-membros, "porque o dinheiro dos impostos europeus não deve ir para a Rússia, seja sob que forma for", salientou Ursula Von der Leyen.

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