Por Carlos Bonifácio, Mestre em Estratégia e João Barreiras Duarte, Consultor e Gestor de Empresas
Biden, apelidou Putin de carniceiro e criminoso de guerra e logo algumas vozes do Ocidente se insurgiram contra a linguagem utilizada. Mas os trágicos acontecimentos de Bucha e Irpin confirmaram a assertividade do Presidente dos EUA! Foi a hipocrisia das palavras e dos actos de alguns líderes Ocidentais que nos conduziram ao estado a que chegamos. Putin, não se comove com a educação do Ocidente, a menos que quem defende uma ‘diplomacia suave’ queira no futuro continuar a fazer negócios com este déspota.
Depois das imagens chocantes de Bucha, alguns ‘opinion makers’ querem pateticamente fazer crer que se trata de uma encenação ucraniana, sustentando a mentira e o insulto do senhor Lavrov. No entanto, a Amnistia Internacional já veio confirmar os factos com base em relatos e através da identificação das balas usadas nos massacres que são de origem russa e inclusive das fábricas onde este material foi produzido. Também a Human Rights Watch entidade independente já corroborou estes crimes com a mesma origem.
Não restam dúvidas quanto ao espírito sanguinário de Putin e dos seus generais, que seguem as práticas dos maiores criminosos da história recente (Estaline, Hitler, Milosevic e Mladic). Os massacres de civis, em Bucha, constituem a maior barbárie desde os crimes hediondos de Srebrenica, perpetrados por unidades do Exército Bósnio da Sérvia. Infelizmente, os soviéticos e russos são “useiros e vezeiros” nestas práticas. Não nos esquecemos do massacre da floresta de Katyn, cometido sobre milhares de oficiais polacos a mando de Estaline, e cuja autoria só foi reconhecida em 2010 pelas autoridades russas.
O que se passou em Bucha não pode ficar impune, a troco de um qualquer cessar-fogo. As instituições internacionais têm que fazer o seu trabalho e levar à justiça do Tribunal Penal Internacional de Haia, Putin e os seus generais. Bem sabemos que a Rússia não reconhece este Tribunal, mas este Tribunal não julga Estados, mas presumíveis criminosos, e esses independentemente dos Estados, continuam a sê-lo. Sabemos que não será fácil, Putin e os seus cúmplices só poderão ser detidos se entrarem em países signatários do Estatuto de Roma que criou o Tribunal Penal Internacional; o que limita muito a liberdade de movimentos.
O Ocidente não pode ser condescendente com estes crimes, que já atingiram o patamar do intolerável. Se a Nato se recusa a envolver no conflito tem de continuar a apoiar a Ucrânia com mais material militar, e pesado. Todos sabemos que tanques, aviação e o uso de mísseis de precisão são decisivos para que as tropas ucranianas não capitulem. Mas a mais poderosa arma que o Ocidente possui, tem que ser definitivamente usada em face desta nova realidade – o corte radical na importação de gás e petróleo russo. Tal decisão evitaria a entrada diária de muitos milhões de euros na economia de guerra de Putin, e levaria a Rússia a uma situação pré-colapso.
Sabemos os sacrifícios que isso implica, mas temos que ser todos convocados para esse esforço, pois em “tempos de guerra não se limpam armas”. Com o início da primavera, com as reservas disponíveis, é possível a médio prazo encontrar outras fontes de abastecimento à Europa e às principais economias com nomeadamente o gás liquefeito. Sem esta decisão, é inevitável que Putin continue com recursos para alimentar este conflito ilegítimo e desumano.
Os russos, continuam sem vitórias significativas e recorrem a milícias assassinas, (grupo Wagner e chechenos) porque na realidade o maior exército do mundo está mal preparado; limita-se a semear terror, destruição e morte, essencialmente sobre civis. Na impossibilidade de progredirem no terreno, os russos serão tentados a descarregar parte dos seus mísseis sobre as principais cidades e transformar a Ucrânia num inferno. Putin, não aceita o fracasso militar e só uma forte resistência o pode travar.
O MNE ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou recentemente que o regime russo se comporta no terreno como o Estado Islâmico pelo “modus operandi” utilizado. Tal comparação parece agora óbvia!