O Presidente ucraniano discursou, esta quinta-feira, perante a Assembleia da República, através de videochamada, falou da tentativa dos russos em apagarem as provas dos crimes de guerra, pediu armamento e reforço de sanções e agradeceu o apoio português. Não esqueceu sequer a referência ao 25 de abril, cuja celebração se aproxima. No final, como tem acontecido nos vários Parlamentos por onde tem discursado, Zelensky foi aplaudido de pé.
O chefe de Estado ucraniano arrancou o seu discurso no Parlamento a dar conta de que foram descobertas mais corpos deixados no rasto das tropas russas, dois homens de 35 anos e uma rapariga de 15 anos. "Os russos nem tentaram sepultá-los", lamentou Zelensky.
"Mataram as pessoas para se divertir e assaltaram as suas habitações", acrescentou, acusando também as tropas do Kremlin de violações, tortura e outras ações trágicas envolvendo até crianças.
"Os russos destroem escolas, universidades até igrejas", lamentou Zelensky. "Imaginem se Portugal todo tivesse de abandonar o país", desafiou, sublinhando que os ucranianos foram expulsos das suas cidades.
Mariupol, foi como não poderia deixar de ser, um dos exemplos mais citados por Zelensky para demonstrar as atrocidades das tropas russas. "Durante um mês, os russos tiveram esta cidade cercada e fizeram dela um inferno".
"Durante os bombardeamentos dos russos foram mortas mais de 10 mil pessoas, ou mais, não temos certeza dos números porque fizeram crematórios móveis para poder destruir os corpos para não termos provas", acrescentou.
O Presidente ucraniano aproveitou também a ocasião para pedir armamento a Portugal. Tanques, armamento anti-navios e "tudo aquilo em que possam ajudar". Lembrou ainda a importância das sanções às empresas russas. "A Ucrânia é apenas o primeiro passo para poder controlar o Leste da Europa", afirmou, alertando que depois do seu país, os russos irão invadir a Moldávia, os países Bálticos, entre outros.
"Vocês sabem perfeitamente o que estamos a sentir", disse Zelensky, fazendo referência ao 25 de Abril de 1974.
"Eu agradeço ao vosso Governo e aos portugueses por todo o apoio à Ucrânia, das sanções contra à Rússia", disse, apelando também a que Portugal defenda o embargo do petróleo russo através da União Europeia e apoie o bloqueio do sistema bancário russo.
Zelensky "acredita" que Portugal vai apoiar a Ucrânia, porque "vai a caminho da União Europeia".
"Portugal está a Oeste, e a Ucrânia a Leste, mas pensamos de forma igual", acrescentou, pedindo que os valores sejam iguais de uma ponta à outra da Europa.
"Obrigado Portugal", terminou o Presidente ucraniano, gerando uma onda de aplausos em pé no hemiciclo português.
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