O Presidente da República negou, numa nota escrita, ter recebido “informação específica sobre intervenções estrangeiras em associações ou estruturas de acolhimento a refugiados” antes da divulgação do caso de Setúbal na comunicação social.
Na quarta-feira à tarde, questionado pelos jornalistas se tinham chegado a Belém relatórios dos serviços de informações sobre esta matéria, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha garantido que não. “Não tivemos conhecimento disso, nem teríamos de ter, porque são informações que em princípio serão classificadas.”
Ainda que tivessem chegado essas informações à Presidência, “eram secretas ou confidenciais, não eram para circular”, acrescentou o chefe de Estado.
Já o primeiro-ministro, António Costa, não confirmou nem negou, limitando-se a responder que “como responsável pelos serviços de informações” tem de “respeitar a legalidade” e não pode “comentar o que os serviços de informações fazem, o que não fazem, e muito menos se produzem relatórios ou não produzem relatórios e que relatórios é que produzem e sobre que conteúdos”.
Contudo, não deixou de referir que a “generalidade dos relatórios é sempre transmitida ao primeiro-ministro, ao Presidente da República e, em razão da matéria, são ou não transmitidos a outras entidades a quem seja relevante”.
Na quarta-feira os partidos ouviram numa audição à porta fechada o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações (CFSIRP) e também a secretária-geral das secretas no Parlamento sobre a atuação das secretas no caso de Setúbal. O Serviço de Informações e Segurança (SIS) terá produzido relatórios sobre perfis em Portugal suspeitos de serem pró-regime russo e esses documentos terão sido entregues ao gabinete do primeiro-ministro e à Casa Civil do Presidente da República.