Com a aprovação do estatuto de candidato à União Europeia (UE) da Ucrânia e da Moldova, concedido esta quinta-feira pelo Conselho Europeu, o primeiro-ministro português notou que esta decisão acarreta uma "enorme responsabilidade de não criar falsas expectativas" aos outros países que “infelizmente” não obtiveram a mesma resposta.
António Costa sempre se mostrou a favor desta aprovação, no entanto, em declarações aos jornalistas em Bruxelas, fez questão de realçar a “desilusão” dos países da região dos Balcãs Ocidentais – Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Macedónia do Norte, Montenegro e Sérvia – que continuam à espera de uma ‘luz verde’ por parte da UE para integrar no bloco.
"O dia ficou também marcado pela desilusão que muitos dos países dos Balcãs Ocidentais manifestaram relativamente às expetativas europeias que se foram gerando ao longo dos anos, seja naqueles que pretendem ainda e só a liberalização dos vistos de circulação, aqueles que já são países candidatos, e aqueles que já estão em processo de negociação", destacou o chefe do Governo português.
Para Costa, esta “desilusão sinaliza a todos, mais uma vez, que a atribuição deste estatuto de candidato à Ucrânia e à Moldova constitui uma enorme responsabilidade para a UE de não criar falsas expectativas", bem como de "não gerar frustrações que, necessariamente, serão um amargo futuro na nossa relação".
"Este tem de ser um processo conduzido de forma leal, empenhada e correta, e Portugal, como o presidente [Volodymyr] Zelensky disse, continuará a reforçar a cooperação bilateral que tem estabelecido, designadamente no apoio técnico a este processo de candidatura", sublinhou Costa, que, esta terça-feira, falou por chamada telefónica com o Presidente ucraniano sobre esta matéria.
Desta forma, o primeiro-ministro português notou que o processo de candidatura à UE não é feito através só do esforço da Ucrânia e da Moldava em “preencher os requisitos para entrar na UE", mas também do bloco comunitário em assegurar que se prepara para “preencher os requisitos para os poder acolher".
"Isso significa que temos de repensar a nossa arquitetura institucional, a nossa arquitetura orçamental, de forma a que esse processo de integração seja um caso de sucesso e não seja, obviamente, um fator de enfraquecimento da UE e de frustração dos próprios países", assinalou.
Na ótica de Costa, a Ucrânia "é o último [país] a quem a União Europeia pode frustrar nas suas expectativas”.
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