Findou o 30.º Congresso do CDS-PP, onde os estatutos finais do partido foram aprovados na globalidade, com 578 votos a favor, contando-se 19 votos contra e 19 abstenções. Isto após cerca de meia centena de congressistas terem tomado a palavra, um a um, para comentar e debater as propostas de alteração aos estatutos do partido apresentadas pelo seu presidente Nuno Melo, bem como por Nuno Correia da Silva e José Augusto Gomes, e de um prolongadíssimo processo de votações de alterações, emendas e adendas.
No momento da aprovação, na globalidade, dos estatutos do partido, a sala eclodiu em celebrações, mostrando o quão coeso foi o apoio a Nuno Melo nas propostas de alteração aos estatutos do partido que, entre outras medidas, prevê a criação de Gabinetes especializados para a Comunicação, as Relações Internacionais e o Apoio Estratégico e Programático.
A votação global no Congresso – onde marcaram presença cerca de 700 militantes – seguiu-se a, na generalidade, não terem sobrado dúvidas: no momento de ver quem está do lado de Nuno Melo nas suas propostas de alteração aos estatutos do partido, o auditório principal do Centro de Congressos de Aveiro pintou-se de azul e amarelo, com as credenciais dos congressistas bem alto, em larga maioria, a aprovar – na generalidade – o projeto do presidente centrista. Tal foi a esmagadora maioria de congressistas que deu o seu voto a Nuno Melo, que a contagem obrigou os mesmos a manter as mãos no ar durante largos minutos. Feitas as contas, não sobraram dúvidas: em 647 votantes, 609 votaram a favor, contando-se 18 votos contra e 20 abstenções.
A proposta de Nuno Correia da Silva, contou 63 votos favoráveis, 70 abstenções e 514 votos contra.
Já a proposta de José Augusto Gomes arrecadou 11 votos a favor, 42 abstenções e 594 votos contra.
Declarações de Nuno Melo
"Ouvi dizer que estava entrincheirado. Fiquem sabendo, a minha única trincheira é o CDS, e eu daqui não saio", concluiu Melo, respondendo a uma crítica que lhe teceram durante a fase de discussão das propostas, por não se encontrar na sala naquele momento.
O auditório principal do Centro de Congressos de Aveiro estava a rebentar pelas costuras com congressistas do CDS, obrigando aqueles que chegaram mais tarde a ficar em pé nos corredores e nas laterais da sala. Uma imagem que Melo aproveitou para levar avante os seus argumentos: "Olhem bem para trás e vejam a sala com gente em pé e sentada no chão, e digam lá se o CDS morreu", questionou, argumentando que esta é a prova de que "o CDS vale mais do que os 1.4%" conquistados nas eleições legislativas de 2022.
Na sua intervenção, Melo – que, em setembro, partirá em tour pelo país inteiro para ouvir os militantes de Norte a Sul – questionou: "Então o CDS não cresce, não ganha músculo com gente assim?" Isto depois de nomear várias figuras que têm mostrado apoio pelo projeto do presidente centrista para o projeto, entre eles o médico Queiroz e Melo e o Secretário-geral da CAP, Luís Mira.
Em resposta às críticas de Nuno Correia da Silva, que se bateu por reiterar que o CDS-PP é um partido da Direita Social, Nuno Melo retorquiu: "Obviamente que somos da Direita Social, é quase um pleonasmo. A questão é que somos mais do que isso, e eu quero um partido com Democratas-Cristãos, mas também com liberais e conservadores, porque todos fazem falta. Eu revejo-me em todas estas perspetivas doutrinárias, também gosto de lhe chamar tendências. Socialmente sou Democrata Cristão, no mercado sou liberal, nos costumes sou conservador. Nós somos isso tudo".
Nuno Melo ainda aproveitou para atirar farpas à Federação de Trabalhadores Democratas-Cristãos, acusando não querer ter pessoas de outros partidos, eventualmente afiliadas a essa mesma Federação, a intervir na vida política do CDS-PP.