«Parece que o Governo aprendeu pouco com 2017. Não quis e não quer perceber que não se defende a floresta e o mundo rural sem defender as comunidades rurais e as suas principais atividades – questão central e primeira para garantir um território humanizado, equilibrado e seguro», criticou Jerónimo de Sousa, líder do PCP, no encerramento de uma audição parlamentar promovida pelo partido sobre ‘Produção de alimentos, agricultura e soberania alimentar – um desígnio nacional’, na Assembleia da República.
O secretário-geral comunista começou por apresentar uma «forte palavra de solidariedade àqueles que foram atingidos pelos dramáticos incêndios» que assolaram o país nos últimos dias. «A todos queremos manifestar o empenhamento do PCP em encontrar soluções para apoiar a recuperação dos seus bens perdidos e para assegurar os seus rendimentos. Foi nesse sentido que questionámos a Comissão Europeia sobre apoios que possam ser mobilizados e que propusemos a aplicação de critérios de apoio às vítimas, semelhantes aos usados com as vítimas dos incêndios de 2017», revelou ainda Jerónimo de Sousa, argumentando que, cinco anos depois dos dramáticos incêndios de 2017, «o que falta fazer de estrutural para defender a floresta nacional é ainda muito».
«O que falta fazer é mesmo demais tendo em conta o tempo que entretanto passou», continuou a criticar o secretário-geral do PCP, nomeando: «Em matéria da valorização do preço da madeira, do ordenamento da floresta, dos apoios públicos à pequena e média agricultura, do cadastro florestal, mas também do apoio aos bombeiros». As palavras de Jerónimo de Sousa coincidem com a mensagem enviada pelo PCP dias antes, através de comunicado, onde tinha já tecido fortes críticas: «Tivesse o Governo aprendido com as lições de 2017 e tivesse aceite as propostas que o PCP na altura e daí para cá apresentou e estaríamos noutras condições para enfrentar esta situação».