Os sindicatos que promoveram um protesto com cerca de mil trabalhadores da TAP entregaram um manifesto no Ministério das Infraestruturas, endereçado a Pedro Nuno Santos, onde acusam a gestão de colocar a empresa em “rota de colisão”, num “ambiente de despesismo pouco ou nada auditado”. A concentração contou, pela primeira vez, com a presença de três estruturas sindicais: Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).
Os sindicatos dão como exemplo a “despesa com contratações externas”, os custos de “mais de um milhão de euros por mês” na conversão de aviões de longo curso em aviões de carga, “mas que nunca saíram do chão”, a mudança da sede e o “meio milhão de euros gasto no piso 5 do edifício da administração, para o transformar em andar modelo, sem utilização futura à vista”.
E acusam a atual administração de ter “mostrado várias vezes incapacidade para motivar e cativar os trabalhadores, mantendo uma postura distante e pouco consensual”, afirmando ainda que os trabalhadores foram “alvo de ameaças para aceitarem acordos temporários de emergência, sob pena da implementação de um regime sucedâneo”, para que fossem “aceites condições de trabalho abusivas”, sob pressupostos que consideram já não existir, uma vez que a retoma da atividade, fortemente afetada pela pandemia, está a acontecer antes do previsto.
TAP fala em ataques Estas acusações não caíram bem à empresa liderada por Christine Ourmières-Widener que falou em “constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência” por parte dos pilotos, tripulantes e técnicos de manutenção. “A comissão executiva lamenta e repudia a constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência, os julgamentos de intenções e a cada vez mais frequente apresentação de ‘factoides’ avulso, propositadamente descontextualizados, distorcidos e até, nalguns casos, completamente falsos, com que alguns sindicatos bombardeiam constantemente a comunicação social”.
E lembra que “está, desde sempre, disponível, para o diálogo com todos os sindicatos e nas múltiplas reuniões que tem mantido com os responsáveis sindicais” e “presta toda a informação que é solicitada e procura, de boa fé, esclarecer todas as questões e dúvidas que são suscitadas”, mas “não dialoga com os sindicatos através de comunicados de imprensa ou de declarações públicas que possam gerar títulos de notícias”, deixando ainda uma palavra em relação ao esforço que é pedido a todos os trabalhadores, nomeadamente com o corte de 25% no valor dos salários acima dos 1410 euros. “Sem esse esforço, não teria sido possível obter a autorização da Comissão Europeia para o plano de restruturação que permitiu a sobrevivência da TAP”.
Sucesso do plano Já o Ministério liderado por Pedro Nuno Santos diz contar com “sentido de responsabilidade” dos trabalhadores em transformar a operadora aérea “numa empresa rentável e sustentável”, “num momento” em que o plano de reestruturação da TAP “está a ser executado com sucesso”.
E lembra que a empresa “vive as consequências do ano dramático de 2020, quando o encerramento da empresa foi apenas travado pela injeção de fundos públicos, por parte do Estado português, num valor que vai atingir os 3,2 mil milhões de euros” e que essa injeção de fundos públicos “só foi autorizada pela Comissão Europeia por estar sujeita a um plano de reestruturação exigente, que terminará apenas em 2025”.