A greve dos trabalhadores da Portway, marcada para os dias 26, 27 e 28 de agosto, ameaçava a tranquilidade dos aeroportos nacionais e, pelo menos no primeiro dia, esse receio concretizou-se. A empresa de handling contabilizou 118 voos cancelados nesta sexta-feira devido à greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac). O Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi o mais castigado.
Um caos que já era previsível. Ainda esta semana, ao i, Pedro Figueiredo, um dos dirigentes da estrutura sindical, tinha admitido que a greve era inevitável, por entender que «neste momento todas as opções estão esgotadas», e acusou a empresa de «preferir ir por outros caminhos». O responsável reconheceu ainda que essa paralisação iria afetar o funcionamento normal dos aeroportos, mas também afirmou que o sindicato assumirá as suas responsabilidades. E acrescentou: «Queremos um sindicalismo real e não nos tribunais. Queremos diálogo, acordos admissíveis e paz social».
Mas esta paralisação está longe de ser ainda pacífica. Durante a semana, o Sintac tinha pedido à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que interviesse «urgentemente na forma como a Portway está – ilicitamente – a comprometer o direito à greve dos trabalhadores», denunciando «todas as práticas levadas a cabo pela empresa nos últimos dias com o objetivo de comprometer o direito à greve dos seus trabalhadores».
A estrutura sindical acusou a Portway de estar a pressionar trabalhadores a executarem tarefas ou funções para as quais não estão habilitados, como, por exemplo, a colocar TAE’s (técnicos de assistência em escala) a cumprir tarefas de OAE (operadores de assistência em escala).
«Este é um tema grave e de natureza criminal. Por essa razão, apelamos fortemente que o regulador, a ACT, intervenha urgentemente, dentro das suas competências», clamou o sindicato. Mais tarde, acusou a Portway de «comportamento ilícito», por ter nomeado os trabalhadores para os serviços mínimos definidos pelo Governo.
Na base desta paralisação está, segundo a estrutura sindical, uma política de «confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do acordo de empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações».
Ainda antes da greve, a easyJet resolveu avançar com o cancelamento prévio de alguns voos em Lisboa e Porto. «A easyJet está a acompanhar o pré-aviso de greve entregue pelo nosso parceiro de handling [Portway] em Portugal com impacto em Lisboa, Porto, Faro e Funchal entre os dias 26 de agosto, sexta-feira, e 28 de agosto, domingo. Como em todas as companhias aéreas que operam de e para Portugal, infelizmente, a greve terá também impacto na nossa operação, pelo que decidimos cancelar previamente alguns voos em Lisboa e no Porto», comunicou a companhia aérea low-cost.
Também a ANA – Aeroportos de Portugal e a Portway já tinham alertado para possíveis perturbações resultantes da greve em 22 companhias aéreas que operam nos aeroportos nacionais.